Encerrada, por ora, a batalha jurídica em torno do sistema de cogestão do distanciamento controlado entre governo do Estado e municípios, representantes de entidades empresariais gaúchas saúdam a retomada das atividades econômicas, mas cobram por maior atenção aos setores afetados.
Ainda que o retorno da cogestão abra os caminhos para as atividades, elas se darão com maiores restrições frente ao cenário anterior à bandeira preta. O comércio de itens não essenciais, por exemplo, não poderá funcionar aos finais de semana.
— Não é o ideal, mas é momento de nós valorizarmos o que conseguimos. Temos a convicção de que os principais fatores para a curva de contaminação baixar são a vacina, que é pouca, e a conscientização das pessoas de que é preciso ter cuidado em qualquer ambiente. Sendo o comércio um ambiente controlado, entendemos que há menos risco do que em outros locais — argumenta Irio Piva, presidente do Clube de Diretores Lojistas (CDL) de Porto Alegre.
Embora possa voltar a receber clientes presencialmente, bares e restaurantes mantém a preocupação em relação ao horário de funcionamento. Presencial, ele só pode ocorrer até as 18h, e também está vetado aos finais de semana. Conforme a presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-RS), Maria Fernanda Tartoni, a maior parte dos restaurantes têm no jantar mais de 60% do seu faturamento. O ticket médio aos finais de semana também aumenta. Além de maior flexibilização, Maria Fernanda cobra um pacote de auxílio ao setor.
— Por enquanto, o que estamos vivenciando é o “não trabalhe e arque com todos os custos”. A sobrevivência do setor vai depender de um pacote de medidas que inclua questões trabalhistas, isenção de IPTU, redução do ICMS nos insumos e recursos financeiros com uma carência bem grande. As primeiras parcelas dos empréstimos que tomamos já estão chegando sem que possamos sequer trabalhar para pagar — declara Maria Fernanda.
Presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação (Sindha), Henry Chmelnitsky faz coro:
— Estamos vivendo o pior momento de todos, tanto da pandemia quanto da economia. Então nós precisamos nos resguardar fisicamente e recomeçar discretamente. Para operar nesse ritmo, precisamos de auxílio.
Henry demonstra confiança que o governador Eduardo Leite cumpra a sua palavra. O presidente do Sindha cita uma reunião recente do setor com o governador, Casa Civil e Assembleia Legislativa e a própria fala de Leite que encerrou a coletiva da sexta-feira passada, que Henry guarda com zelo em um áudio de 23 segundos:
— Nós estamos estruturando medidas de apoio a este setor (de gastronomia) para mitigar os efeitos dessas restrições do ponto de vista econômico — promete Leite.