A Polícia Civil ainda aguarda detalhes sobre o que causou a falha no sistema de distribuição de oxigênio aos 26 pacientes entubados com covid-19 em 19 de março, no hospital Lauro Reus, em Campo Bom. Durante aproximadamente meia hora, a emissão do oxigênio aos leitos da unidade de terapia intensiva (UTI) foi interrompida e enfermeiros tiveram de buscar às pressas cilindros portáteis. Seis pacientes que estavam na ventilação morreram logo após o fato, e um sétimo à tarde, caso que também pode estar relacionado, segundo o Ministério Público (MP).
Nesta segunda (29), o delegado Clovis Nei da Silva informou que ouviu oito pessoas nos últimos 10 dias, entre testemunhas e familiares das vítimas. Até o momento, parentes de quatro pacientes prestaram depoimentos. A polícia opta por manter o que foi dito em sigilo até ter mais informações sobre o caso.
O delegado também fez pedidos de informação ao hospital, que ainda não foram respondidos. Os principais esclarecimentos — considerados peças-chave para prosseguir com a apuração — são sobre como funciona o sistema de oxigênio e sobre o plano de contingência estabelecido em um eventual problema. No dia da falha, testemunhas disseram à GZH que enfermeiras abriram as portas pedindo socorro, no que foi descrito como "uma cena de terror".
O delegado avalia que precisará pedir mais prazo para concluir o inquérito:
— A regra do Código é 30 dias, mas este caso tem bastante coisa que precisa ser trazida para os autos. Vamos prosseguir colhendo depoimentos nos próximos dias.
Em outra frente, agentes do Instituto-Geral de Perícias (IGP) estiveram em Campo Bom na semana passada e fizeram uma vistoria minuciosa no sistema de oxigênio, para buscar detalhes sobre a falha. Os laudos ainda estão sendo produzidos.
Procurado nesta segunda por GZH, o Hospital Lauro Reus declarou que "está comprometido em cooperar com as demais instituições que investigam o caso", mas que só se manifestará publicamente ao final das conclusões dos fatos apurados. A sindicância interna tem previsão de 30 dias de conclusão.
Além da investigação da polícia, está em aberto uma auditoria promovida pelo Departamento de Auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS). O grupo é composto por profissionais ligados à Secretaria Estadual de Saúde (SES) e quer esclarecer os procedimentos adotados pela instituição no que foi chamado de falha de distribuição de oxigênio.