Uma das cidades brasileiras mais afetadas pelo coronavírus em janeiro, Manaus enfrenta a sobrecarga do sistema de saúde e aumento no número de mortes devido à doença. Desde o dia 3, mais de 838 pessoas foram sepultadas. Destas, 160 somente na última terça-feira (12), segundo o prefeito da cidade David Almeida.
A situação levou o Executivo municipal a instalar câmaras frias para armazenar os corpos e evitar que sejam enterrados em valas comuns, como foi registrado no ano passado, em imagens que chocaram e circularam o mundo.
— Já superamos os números de servidores da secretaria de limpeza pública, coveiros, colocamos máquinas para cavar as sepulturas. Essa é a realidade. O vírus se alastrou de uma forma muito rápida — afirmou Almeida em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quarta-feira (13).
O prefeito também abordou o aumento de casos da covid-19 nos primeiros nove dias de janeiro: 1.524. O número é maior do que registrado em todo dezembro, quando a capital do Amazonas contabilizou 1.324 casos no mês. A situação, acredita Almeida, "são reflexos" da falta de comprometimento com as medidas de distanciamento social e de higiene por parte da população:
— (Essa situação) Vai acontecer em todo o restante do Brasil se a população não se conscientizar. Não temos como combatê-los com as armas que temos ainda. O que a ciência preconiza: a higiene, o distanciamento. Tudo isso faz com que diminuamos a incidência. Se o resto do Brasil não tomar medidas, certamente a proliferação do vírus vai impactar no sistema de saúde.
O Comando Conjunto Amazônia realizou, no fim de semana, o translado de 350 cilindros de oxigênio da cidade de Belém, no Pará, para Manaus, atendendo pedido em caráter emergencial da Secretaria de Estado de Saúde do Governo do Amazonas. Segundo o Comando Militar da Amazônia (CMA), a carga de 24,5 toneladas suplementa a necessidade do insumo para manter o serviço de saúde em funcionamento, e aumenta o estoque nas unidades de saúde da capital amazonense.
Ministro em Manaus
Em Manaus para apresentação do Plano Estratégico de Enfrentamento à Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reconheceu que a cidade passa por uma crise de falta de equipamentos de oxigênio e de leitos de UTIs e defendeu que é necessário reforçar o trabalho das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Nesta quarta, em nova coletiva de imprensa, o ministro disse que a cidade terá prioridade no plano de vacinação contra covid-19:
— Manaus será a primeira a ser vacinada. Terá essa prioridade.
— A minha família está em Manaus. A minha filha está em Manaus. E isso faz com que não tenha como não pensar que tem que tomar cuidado. Quero deixar muito claro que não estamos nem um pouco afastados de viver o problema de Manaus. Estamos dentro do problema, com todos os senhores. Estamos juntos. Contem comigo — disse Pazuello.