O Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (HSL-PUCRS) retomou na quinta-feira (12) os estudos com a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a continuidade da pesquisa.
Conforme o infectologista Fabiano Ramos, coordenador do serviço de infectologia do HSL e líder do estudo em Porto Alegre, a interrupção não chegou a prejudicar o andamento da pesquisa — a paralisação colocava em risco o tempo máximo de administração entre as doses. No entanto, precisaram ser remarcados os agendamentos de novos participantes e de voluntários que receberiam a segunda dose da vacina (ou do placebo) nos dois dias em que os testes ficaram paralisados.
Na retomada do estudo, a prioridade de atendimento, segundo o infectologista, foi para quem precisava receber a segunda dose dentro da janela de 14 a 21 dias depois da primeira. Também foram atendidos três novos participantes. Ramos aponta que se o impasse durasse uma semana, a pesquisa poderia ser prejudicada.
Em média, são realizadas 90 consultas diárias como parte da pesquisa no HSL. Elas envolvem novos participantes, quem está na segunda dose e aqueles que já estão na terceira e quarta consultas de acompanhamento. Até o momento, o HSL já incluiu mais de mil voluntários nos testes. A expectativa, no começo da pesquisa, era somar 852.
O Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que também participa do estudo no Estado, recomeçou as aplicações ainda na quarta-feira (11). O Centro tem como meta incluir 800 voluntários e, até a data da retomada, cerca de 300 tinham recebido as aplicações.
O estudo com a CoronaVac foi suspenso pela Anvisa na noite de segunda-feira (9), depois do relato da "ocorrência de um evento adverso grave". Com isso, nenhum voluntário pôde receber as doses do imunizante ou do placebo.
A decisão gerou atrito entre a agência e o governo de São Paulo, que afirmou que, embora se tratasse da morte de um voluntário, o "evento adverso grave não tem relação com a vacina". Na quinta-feira (12), a Polícia Civil de São Paulo confirmou que a morte do participante foi um suicídio.