Pesquisadores da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) estão desenvolvendo uma pesquisa que pretende acompanhar 500 pessoas com mais de 18 anos que passarem pelo teste RT-PCR na Unidade de Isolamento Covid-19 de Capão da Canoa. O posto presta atendimento aos pacientes com sintomas respiratórios na cidade do Litoral Norte.
Desde setembro, quando o trabalho foi iniciado, 115 pacientes estão sendo monitorados. Eles passarão por quatro testes ao longo de um ano. A pesquisa, sob coordenação da professora geneticista Julia Pasqualini Genro, é feita em parceria com a prefeitura de Capão da Canoa.
O estudo "Comparação entre as abordagens diagnósticas de RT-PCR e teste sorológico rápido de pacientes com suspeita de covid-19: Influência de variantes genéticas no diagnóstico, duração da resposta sorológica e desfechos clínicos da doença" pretende observar o desenvolvimento da resposta imunológica, fazer um acompanhamento a longo prazo e analisar a genética dos pacientes, a partir de amostras de sangue, para compreender o motivo de a resposta à doença ser heterogênea.
Segundo a biomédica Giulia da Costa, mestranda do programa de Biociências da UFCSPA, responsável pela captação dos exames na unidade de Capão da Canoa, quando o participante aceita ser incluído na pesquisa, ele passa por um teste sorológico rápido (de anticorpos) para coronavírus, responde um questionário sobre comorbidades de sintomas e tem uma amostra de sangue retirada.
Depois de 15 dias, ele faz novo teste rápido para verificar a presença de anticorpos no período. Na terceira etapa, que ocorre após dois meses, ele passa por nova avaliação de sintomas. E na revisão final, que ocorre depois de oito meses do primeiro exame, realiza uma nova rodada de teste rápido.
_ Desta forma, poderemos observar o desenvolvimento da resposta imune nestes pacientes, por meio dos testes sorológicos rápidos. E o bom para o poder público é que conseguimos realizar um acompanhamento mais longitudinal deste grupo e, obtendo o sangue, podemos fazer a análise genética de cada um deles _ explica a biomédica.
O sangue retirado do participante é levado para a UFCSPA, onde é extraído o DNA para análise genética. Giulia ressalta que os pesquisadores pretendem entender, a partir destas amostras, se há alguma variante genética de risco para as formas mais graves do vírus ou variantes genéticas de proteção que ocasionam as manifestações mais leves da doença e ainda verificar se essas variantes influenciam nas respostas aos testes. Esta parte do estudo deve ser finalizada em até dois anos.