O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, defendeu nesta terça-feira (21), em passagem por Porto Alegre, o uso precoce de medicamentos contra a covid-19. Em pronunciamento no Palácio Piratini, após reunião com o governador Eduardo Leite e outras autoridades, afirmou que acredita no tratamento com medicamentos sem comprovação científica de eficácia para a doença, destacando que o diagnóstico e a prescrição são de exclusividade dos médicos.
— Ficou com sintomas, procure imediatamente o atendimento básico ou a estrutura hospitalar. Foi encaminhado para o médico, ele vai examiná-lo, vai fazer o diagnóstico. Se é diagnosticado covid-19, receba a prescrição de medicamentos. O médico vai dizer quais medicamentos são mais eficazes para cada um. É soberano o médico nesse aspecto. Receba ou compre os medicamentos, tome e, se Deus quiser, você vai ficar bom. Se você piorar, continue em contato com o médico — disse Pazuello.
Em seguida, reforçou:
— Coloco de maneira bem dura: a UTI e o respirador são para último caso. Precisamos tratá-los de forma precoce com medicamentos — disse Pazuello.
Na entrevista coletiva, Pazuello foi questionado especificamente sobre o uso de hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina no estágio inicial da doença. Os três medicamentos não têm, até o momento, comprovação científica de que auxiliam no tratamento da covid-19.
— O ministério fez uma orientação clara quanto a manejo e medicação. Não é um protocolo nem é uma diretriz. Apresenta quais são os medicamentos que estão sendo utilizados pelo SUS, quais estão dando resultado e qual a melhor dosagem e momento do uso. Temos aí a hidroxicloroquina, a azitromicina e a ivermectina já listadas nessa orientação. Cabe ao médico avaliar o paciente, diagnosticá-lo e prescrever o medicamento ideal. Tem pacientes que não devem tomar esse remédio, tem pacientes que não devem tomar aquele remédio, tem pacientes que é mais eficaz com esses remédios — respondeu Pazuello.
Durante a coletiva, o ministro interino também sugeriu que o diagnóstico para covid-19 seja confirmado já pelo médico em análise clínica, sem obrigatoriedade de realização do teste laboratorial.
Vacina
Pazuello também disse acreditar que a vacina contra covid-19, que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford, do Reino Unido, em parceria com a empresa AstraZeneca, será distribuída no Brasil entre dezembro deste ano e janeiro de 2021:
— O momento agora é o pagamento à AstraZeneca. Já está feito o acordo e o protocolo de intenções. E o tempo disso aí é no final do ano. A previsão é no final do ano, dezembro, janeiro, estejamos fabricando a vacina com a AstraZeneca. Que é a solução, a vacina.
O ministro interino também reforçou que já há acordo de cooperação para a terceira fase de testes da vacina e projetou a produção de até 40 milhões de doses em um primeiro momento:
— Fizemos um acordo de cooperação com a AstraZeneca, para que a gente participe da fase 3 de testes e do desenvolvimento final. Aspiramos a planta necessária para produção e os lotes de insumos para fabricação já de um lote de grande quantidade de 30, 40 milhões de doses. Isso já está pactuado.
O ministro considera que, além da tentativa da Universidade de Oxford, há outra duas também promissoras: o estudo da empresa Moderna, nos Estados Unidos, e a vacina SinoVac, chinesa.
A vacina pesquisa em Oxford é considerada por especialistas uma das mais promissoras na busca pela proteção contra a covid-19. O acordo assinado pelo governo brasileiro prevê a compra de lotes do imunizante e também a transferência de tecnologia para a produção local.
Segundo o ministério, na fase inicial o Brasil assume também os riscos da pesquisa, serão 30,4 milhões de doses da vacina, no valor total de US$ 127 milhões. Se a vacina for segura e eficaz e tiver o registro no Brasil, serão mais 70 milhões de doses, no valor estimado em US$ 2,30 por dose.