Em entrevista ao programa Timeline da Rádio Gaúcha nesta quarta-feira (4), o ministro da Cidadania, Osmar Terra, comentou as duas decisões que envolvem Cannabis sativa para fins medicinais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na manhã de terça-feira (3), o novo regulamento para produtos derivados de maconha, mas rejeitou a possibilidade de plantio da erva para fins medicinais. Ele salientou que o marco regulatório aprovado muda somente o controle de compra e venda dos remédios:
— É o mesmo remédio e vai ter controle clínico. Se for eficiente, se permite. A Anvisa ainda vai regular um por um, então, nas farmácias, não houve mudança nenhuma. Se for em qualquer lugar (hoje), vai ter os medicamentos que desde 2015 são importados à base de canabidiol (na verdade, o Mevatyl é o único medicamento que hoje é registrado no Brasil, com preço por vezes superior a R$ 2 mil).
Durante a fala, o ministro fez uma crítica aos grandes jornais que estão vendendo a notícia como um avanço, sendo que a venda é permitida há mais de quatro anos. Ele também disse apoiar o acesso gratuito aos remédios, já que há comprovação científica de que o canabidiol tem benefício no tratamento de síndromes e doenças convulsivas raras.
— Tem que ser garantido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é uma questão que estamos cobrando junto ao Ministério da Saúde para viabilizar.
Terra também criticou a proposta (que foi rejeitada) de liberação do plantio de maconha com fins medicinais no Brasil. Segundo ele, a liberação generaliza plantio e consumo, e não há como ter controle da situação. O ministro ainda citou como exemplo outros Estados e países que permitem o cultivo para uso medicinal, mas acabam tendo aumento no número de dependentes.
Em relação a comparação entre a maconha recreativa e o álcool, Terra citou os números de dependência e os danos para a saúde. Segundo ele, 30 milhões de pessoas são dependentes do álcool e cigarro, enquanto 7 milhões são dependentes de drogas como maconha, cocaína e crack. A diferença nos números, de acordo com o ministro, se dá devido a legalização.
— Dizer que a maconha é droga leve e o álcool é droga pesada é um erro — afirmou —Não estou defendendo o álcool, acho que o álcool tem que ser restrito, mas um erro não justifica o outro — completou Terra.