Crianças em tratamento contra o câncer no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) tiveram uma grata surpresa nesta quarta-feira (30), além de um reforço nas vibrações positivas. Três pessoas que recentemente receberam transplante de coração foram até a Oncologia Pediátrica da instituição levar alegria e mensagens de apoio aos pequenos pacientes — além de presentes como kits com capa de super-herói, origamis, turbantes e máscaras estilizadas.
A ação foi liderada por Clarissa Auler, 40 anos, que desde 19 de agosto carrega no peito o órgão de um doador. Diagnosticada com insuficiência cardíaca congestiva no ano passado, Clarissa, já fragilizada pela doença, entrou na lista de espera para receber um novo coração. Agora, ela quer confortar outras pessoas em situação de saúde grave.
— Fiquei muito abalada quando descobri a doença, mas recebi um apoio enorme e energia boa de amigos e familiares. Isso foi essencial para acreditar na minha recuperação e ter, digamos, uma cura espiritual — afirma.
A atividade começou pouco depois das 15h. Um grupo de 11 crianças e adolescentes — muitos deles aguardam transplante de medula óssea ou se recuperam de sessões de radioterapia ou quimioterapia — acompanhados pelos pais foram surpreendidos com a chegada dos visitantes ilustres. O pequeno Raúl, quatro anos, ficou encantado com o que ganhou de presente: uma capa de Super-Homem, um par de máscara com estampas divertidas e brinquedos montados em papel.
— Isso é muito legal! — disse o menino, entusiasmado, enquanto fardava a capa.
Desde janeiro, quando foi diagnosticado com neuroblastoma (câncer geralmente encontrado nas pequenas glândulas suprarrenais), Raúl e os pais vivem a rotina de hospitais. Eles vieram de Jaguarão para fazer tratamento no HCPA. Raúl já recebeu transplante de medula e agora faz a químio para manutenção. A situação requer cuidados rigorosos, mas evolui bem, de acordo com o pai, Diego Bittencourt, 24 anos:
— Para nós, pais, esta ação com pessoas que já passaram por situações semelhantes é muito importante para reforçar a esperança na cura.
De unhas coloridas e asas de borboleta feitas com balões cor-de-rosa, Alice, três anos, divertia-se. Há três meses, ela faz tratamento no HCPA para curar um sarcoma embrionário, e acompanhou o agito ao lado da avó Angelita Severo.
— Eu vi aquele tio da teia de aranha — dizia ela, apontando para o Homem-Aranha.
Presidente do Clínicas, Nadine Clausell estava entusiasmada com a visita e afirmou que espera repetir a dose quantas vezes for possível:
— Este momento de energia tem um valor terapêutico muito forte para as crianças, e, às vezes, é mais importante para a recuperação do que qualquer remédio.
A ação foi realizada em parceria com o Instituto Unicred RS e Instituto do Câncer Infantil. Os turbantes e máscaras são doações do Instituto Guiando Estrelas e projeto Um Novo Olhar, dos quais a transplantada Clarissa faz parte.