Nos Estados Unidos, os médicos costumam receitar uma baixa dose diária de aspirina para pessoas entre 50 e 70 anos para prevenir ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC), mesmo se o paciente nunca sofreu nenhum doença associada. Na Europa, os cardiologistas fazem isso apenas depois de um primeiro problema cardíaco.
A aspirina fluidifica o sangue e evita que se formem coágulos nas artérias. Contudo, o sangue excessivamente fino pode gerar hemorragias. Aqui mora o dilema: para que tipo de pacientes o benefício da redução do risco cardiovascular supera o risco de hemorragia?
Para as pessoas que já tiveram um AVC ou um infarto, a balança se inclina claramente a tomar aspirina, de acordo com diversos estudos. Essas pessoas têm risco claro de um segundo acidente, e a aspirina ajuda a prevenir isso.
Um novo estudo, publicado nesta terça-feira (22) pelo Journal of the American Medical Association (Jama), dá uma visão mais ampla para os pacientes que ainda não tiveram problemas cardiovasculares.
Mas o texto não soluciona a controvérsia. Ele afirma que, por um lado, a aspirina reduz o risco de ataque cardíaco e de AVCs em pessoas sem antecedentes, mas, por outro, aumenta o risco de hemorragia grave, especialmente no cérebro, no estômago e nos intestinos.
A aspirina não tem impacto na mortalidade em nenhum dos dois sentidos.
— Para as pessoas saudáveis, os pequenos benefícios da aspirina para prevenir o AVC e o ataque cardíaco têm uma contrapartida em um maior risco de sangramento — explica Jane Armitage, professora de epidemiologia na Universidade de Oxford.
A conclusão, portanto, é que os médicos devem recomendar a aspirina caso a caso, dependendo de outros riscos do paciente, explica o cardiologista Michael Gaziano em um comentário.
Por exemplo, deixar de fumar ou reduzir os níveis de colesterol são outros métodos para diminuir o risco cardiovascular.
* AFP