Desde novembro do ano passado, as gestantes de Santa Maria e região Central têm convivido com o dilema da superlotação para conseguir atendimento. Isso porque o Hospital Casa de Saúde suspendeu os atendimentos da maternidade por causa do atraso no pagamento dos salários dos médicos, que decidiram rescindir o contrato. Dessa forma, a única instituição a oferecer o serviço por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) para o município e mais 30 cidades da região é o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm).
Desde então, o Centro Obstétrico do Husm enfrenta quadros sucessivos de superlotação, chegando a dobrar o número de partos realizados. Conforme dados obtidos pela reportagem da RBS TV junto ao hospital, em outubro do ano passado – antes do fechamento do Casa de Saúde – 78 partos foram feitos no Husm. Já em novembro, foram 133. Números que foram só aumentando, mês a mês, chegando a marca recorde de 273 em janeiro deste ano.
Em entrevista à reportagem da RBS TV, Itamar Riesgo, chefe da divisão de apoio diagnóstico e terapêutico do Hospital Universitário, disse que a situação atinge pacientes e profissionais:
_ Todos os envolvidos nesse processo de atendimento ficam tencionados e trabalhando em condições que não são as melhores. Isso, em última análise, compromete até a segurança dos pacientes no atendimento _, declarou.
Enquanto a situação do Casa de Saúde não tem uma definição, o Coordenador Regional de Saúde, Roberto Schorn, garante que está buscando uma nova alternativa, junto a outros hospitais:
_ Nós já estamos trabalhando com outros prestadores, outros hospitais, mas estamos tentando achar uma solução o mais rápido possível. A gente nem vai falar o nome, até porque não podemos ser irresponsáveis de criar expectativas que possam não vir a ser concretizadas, mas nós já estamos trabalhando com outros hospitais, inclusive de outras regiões também _, relatou.
Sem previsão de retorno
O Hospital Casa de Saúde suspendeu os atendimentos no dia 1º de novembro de 2017, por falta de pagamento dos médicos que decidiram rescindir o contrato. No local, eram feitos cerca de 100 partos por mês e atendidas gestantes de Santa Maria e outros 30 municípios da região.
De acordo com a irmã Ubaldina Souza e Silva, administradora do hospital, três meses depois da suspensão dos partos, a instituição ainda não encontrou médicos dispostos a fazerem o serviço:
_ A questão é que precisa haver uma regularidade nos pagamentos, que foi o que não aconteceu em 2017, nós não conseguimos manter uma regularidade, porque faltou recurso. Ou seja, há o medo dos médicos de que a situação se repita e eles não recebam os pagamentos.
A administração do hospital afirmou também que segue buscando outras alternativas para resolver o problema.