Bailarinas são exemplos de paciência, equilíbrio e força. Inspirada nessas características, a professora aposentada Rosângela Cabral teve a ideia de produzir dançarinas de feltro para presentear crianças nesta época de Natal. Além do cuidado e do carinho costurado em cada detalhe, os brinquedos chamam a atenção por uma peculiaridade: a maior parte deles foi confeccionada sem cabelos, para ajudar as crianças do Instituto do Câncer Infantil (ICI), de Porto Alegre, a se identificarem com eles.
Tocada pela história de uma aluna com câncer, Rosângela buscava uma forma de dar esperança às outras crianças com a doença. Tirar dinheiro do bolso para apoiar uma causa era menos do que desejava. Ela queria mais:
— Apesar da questão financeira ser importante para as instituições, eu queria me doar fazendo alguma coisa para colocar mais amor. Então, cada vez que eu estava fazendo uma bonequinha, pensava em uma criança, no sofrimento que ela está passando, na força que ela tem que ter.
Depois de muito pensar e de relembrar do antigo sonho de ser bailarina, ela lançou mão das habilidades como artesã para desenhar, cortar, costurar e enfeitar as bonecas articuladas. Com a ajuda do marido, aproveitou cada momento disponível para alinhavar os presentes: no trabalho na empresa familiar, no fim do expediente em casa ou no sofá assistindo novela a produção não parou. De agosto até agora, foram feitos cerca de 30 brinquedos, todos entregues na manhã desta sexta-feira (15) para o ICI.
Embalados em um plástico transparente, as bonecas e bonecos — jogadores de futebol vestidos com a camiseta da Seleção Brasileira para os meninos —, traziam consigo mensagens positivas escritas por amigos da família. Cada brinquedo, explica Rosângela, foi adotado por uma pessoa, dando continuidade ao que ela chama de Corrente do Bem.
Professora sonha mais alto para 2018
Sem titubear, Andriele Donato de Carvalho, nove anos, escolheu a bailarina vermelha e branca. Curada de uma leucemia no fim de 2014, a menina de Candelária que hoje exibe um cabelo longo de dar inveja chegou a perder os fios em três oportunidades ao longo do tratamento. O momento difícil, como a pequena mesmo define, foi superado e, agora, as visitas à Capital são mais espaçadas. Ocorrem a cada seis meses para consulta com especialista.
Em meio a beijos, abraços e palavras de esperança trocadas com a menina, Rosângela revelou os planos para 2018. Quer ampliar a Corrente do Bem, estendendo ela a outras causas infantis:
— Meu projeto para o próximo ano é espalhá-la para mais instituições e ter mais parceiros nessa jornada e ensinar outras pessoas a confeccionar as bonecas para que possamos abranger mais crianças.