O Brasil demorou para se revoltar contra o Aedes aegypti. De 2010 a 2015, o Ministério da Saúde registrou aproximadamente 6 milhões de doentes e quase 3,5 mil mortos pela dengue. Com ações aqui ou ali, nada foi feito realmente para frear a infestação do mosquito. Em 2015, o Aedes deixou de ser simplesmente o mosquito da dengue, já que começou a transmitir o zika vírus e causar microcefalia em bebês. O povo e o governo agora se deram conta da gravidade do mosquito, tão comum nas áreas urbanas.
O mutirão do fim de semana e a presença permanente do tema nos noticiários mobilizou a comunidade. Eu recebo muitas mensagens de ouvintes relatando os cuidados adotados em casa, mas preocupados com vizinhos que mantêm criadouros para o Aedes. Eles estão absolutamente certos. É uma luta onde não adianta só uma parcela da população fazer sua parte. O mosquito não respeita muros e cercas.
Se o cidadão é convocado a limpar casas e terrenos, as prefeituras precisam fiscalizar. O contribuinte que liga para denunciar não pode ficar esperando eternamente a ação do poder público. Em Porto Alegre, são 70 a 80 denúncias diárias. A prefeitura não consegue visitar nem metade.
Imóveis fechados ou proibição da entrada de fiscais pelo proprietário também prejudicam o combate. É o grande desafio do momento. Se na conversa não der, que se use a força prevista em Medida Provisória editada pela presidente da República. O canal de denúncias para todo o Estado é o telefone 0800-6453308. Ninguém tem o direito de ficar criando o mosquito em casa.
No Rio Grande do Sul, nem de perto vivemos o quadro da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus de outras regiões do Brasil. Só a primeira doença tem casos de transmissão em cidades gaúchas. O clima, com frio em boa parte do ano, nos ajuda. Mesmo assim, é hora de aproveitar a mobilização nacional para reduzir os focos do Aedes, que está presente e só espera a chegada de pessoas infectadas para espalhar as doenças por aqui.
Como o auge da dengue normalmente é em março e abril, nós podemos reduzir os casos, além de evitar a transmissão interna da chikungunya e do zika.