Na semana em que se inicia a campanha Novembro Azul, para alertar sobre os riscos do câncer de próstata, uma polêmica envolvendo exames preventivos está dividindo opiniões no Estado. O secretário estadual da Saúde, João Gabardo, afirmou nesta terça-feira (3) que é contrário à realização de exames para todos os homens a partir dos 50 anos, como orienta, por exemplo, a Sociedade Brasileira de Urologia.
O problema, segundo o secretário, não é o exame em si. É que a partir da realização do exame, e da verificação de alguma suspeita, o paciente pode ser submetido a biópsias ou intervenções cirúrgicas desnecessárias. São estes procedimentos que podem gerar "danos" ou "sequelas" ao paciente, segundo Gabardo.
“Faz dois anos que o Instituto Nacional do Câncer trouxe essa recomendação. O Reino Unido não faz mais esse tipo de procedimento. O Canadá nunca fez. E agora os Estados Unidos também está deixando de fazer", explicou. De acordo com o secretário, alguns pacientes acabam "sendo operados" sem que houvesse a necessidade, em função de suspeitas provocadas pelo exame de toque e/ou exame de sangue.
Para João Gabardo, os exames devem ser realizados apenas homens que possuírem histórico familiar da doença ou, então, que possuírem sintomas como a perda da força no jato urinário e/ou a dificuldade para urinar.
"Quem precisa do exame: aquele que tiver um familiar de primeiro grau que teve câncer de próstata ou quando tiver sintomas. Este deve procurar o seu médico e fazer o acompanhamento. Todos os demais não precisam", disse.
O secretário esclareceu que, embora contrário à realização do exame, apoia a Campanha Novembro Azul.
“Eu não sou contra o Novembro Azul. Acho que é um momento oportuno para que discuta prevenção e saúde do homem. O que não recomendamos é que seja feito exame de rastreamento (exame de toque e exame de sangue)”, explicou.
Outro lado
O ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Walter Koff discorda da avaliação do secretário de Saúde. Ele lembra que todos os anos ocorrem 50 mil mortes por câncer de próstata no Brasil. Neste sentido, o paciente tem o direito de investigar e saber sobre o tumor.
"O segundo câncer que mais mata no Brasil é o câncer de próstata. O primeiro é o câncer de pulmão. O paciente tem o direito de saber se possui esse câncer até para que possa fazer o tratamento. O câncer não dói. Cabe ao urologista investigar e indicar o melhor tratamento", afirmou.