O Rio Grande do Sul perdeu 227 leitos de obstetrícia com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde junho de 2010. A média é de 56,7 leitos públicos extintos por ano no Estado. O levantamento foi feito pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), com base nos dados oficiais do Ministério da Saúde.
O presidente do Sindicato, Paulo de Argollo Mendes, acredita que a queda no número de leitos em maternidades se deve às dificuldades financeiras dos hospitais.
"O recurso que o SUS passa para os hospitais é insuficiente para custear o atendimento aos pacientes. A solução que eles encontram é fechar leitos. Quanto menos leitos tu tiver, menos prejuízo tu tem. Ao contrário do que seria logico: quanto mais tu atende, mais tu deverias receber", explicou.
A queda no número de leitos não atingiu o Hospital Fêmina e o Hospital da Criança Conceição, garante o gerente de Internação do Fêmina, Lauro Hagemann. Com média de 15 partos por dia, o hospital público possui 44 leitos obstétricos e opera com ocupação média de 80% durante o ano. O médico acredita que a redução no número de leitos afeta mais a rede privada.
"O que existe é um movimento nacional, especialmente nas unidades que trabalham com pacientes privados ou com convênios, é de que essa atividade não é tão rentável quanto outras. A gente vê um movimento nacional de diminuição de leitos, um pouco porque está diminuindo a natalidade no país", avaliou.
Queda não reflete em indicadores de saúde
A coordenadora da sessão de saúde da Mulher do Estado acredita que pode haver uma defasagem no banco de dados do Ministério da Saúde. Nadiane Lemos avalia que a redução nos leitos públicos em maternidades apontada pelo levantamento não se reflete nos indicadores de saúde do Rio Grande do Sul. A mortalidade infantil, por exemplo, está abaixo da média nacional, que em 2012 foi de 15,7 óbitos a cada mil nascidos vivos.
"Se essa redução existiu, por algum remanejo de leitos, ou em função de alguma necessidade de demanda de alguns serviços, ele não se traduz nos indicadores. O coeficiente de mortalidade infantil em 2008 era 12,6, o dado preliminar de 2013 é de 10,5", destacou.
A coordenadora da sessão de saúde da Mulher do Estado garante que os repasses do Ministério da Saúde ao Rio Grande do Sul vem crescendo nos últimos anos para reformas e melhorias em unidades obstétricas. Conforme Nadiane Lemos, no ano passado foram investidos R$ 21 milhões na Rede Cegonha, uma política voltada à qualificação do atendimento de gestantes e crianças de até os dois anos no Estado.
Situação no Brasil
Levantamento do Conselho Federal de Medicina aponta que em três anos, 3,4 mil leitos públicos de obstetrícia foram extintos em todo o Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde e se referem ao período entre 2009 e 2012.