Entre os dias 5 e 11 de maio, o Rio Grande do Sul vive a Semana do Uso Racional de Medicamentos, conforme estipulado pela lei nº 14.627 de 2014. O período serve para lembrar a população sobre os benefícos e o riscos do uso de medicamentos. Essa campanha tem como objetivo mostrar ao poder público a importância do trabalho do farmacêutico para promover a adesão ao tratamento medicamentoso por parte de pacientes polimedicados – ou seja, usuários de cinco ou mais remédios de uso contínuo – de forma segura e racional. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50% destas pessoas não aderem aos tratamentos farmacológicos.

Uma pesquisa recente, realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pelo farmacêutico e professor Gabriel Freitas, estima que os danos mais graves relacionados a medicamentos, sem contar problemas mais simples, custariam cerca de R$ 60 bilhões ao ano para o Sistema Único de Saúde (SUS).
– Metade dos casos avaliados no estudo seriam evitados com uma supervisão mais cuidadosa e efetiva dos tratamentos. A cada real investido no fornecimento de fármacos, o governo gasta cinco reais para tratar morbidades relacionadas ao uso de medicamentos (MRMs) – aprofunda Freitas.
O maior gasto foi com os tratamentos de reações adversas a medicamentos (39%). As consequências da não adesão ao tratamento e o uso de doses incorretas responderam, respectivamente, por 37% e 17% das despesas.
O farmacêutico tem um papel fundamental na orientação de tratamentos medicamentosos, atuando juntamente com pacientes, médicos e demais profissionais da saúde
GABRIEL FREITAS
Farmacêutico e professor da UCS
Ministério da Saúde relata dificuldades de pacientes com doenças crônicas
Segundo o Ministério da Saúde (MS), cerca de 70% dos pacientes com hipertensão, diabetes ou dislipidemias – também usuários de vários medicamentos – não conseguem controlar suas doenças, mesmo tendo diagnóstico e prescrição médica. Outro estudo realizado pelo MS, tendo como base o cuidado farmacêuticos em Curitiba-PR, apurou que 82% dos pacientes de doenças crônicas, faziam o tratamento de forma incorreta ou demonstravam baixa adesão. Um em cada três pacientes abandonou algum tratamento, 54% omitiram doses, 33% usaram remédios em horários errados, 21% adicionaram doses não prescritas e 13% não iniciaram algum tratamento prescrito, entre outras constatações.
A Semana do Uso Racional de Medicamentos levanta a bandeira por um investimento maior em educação em saúde, para que as pessoas tenham informações sobre como otimizar o tratamento medicamentoso. Sem esquecer que o ideal é buscar nas farmácias públicas e privadas a orientação farmacêutica sempre que for utilizar medicamentos.