
O Startup Competition, do South Summit, consolidou-se como trampolim para empresas inovadoras de diferentes segmentos — da área da saúde e biotecnologia ao agronegócio e ao setor de energia. Ao vencer a disputa, seus idealizadores ganham visibilidade, conexões estratégicas e ampliam as oportunidades de receber investimento.
O evento reúne empreendedores, especialistas e investidores em um ambiente dinâmico, onde ideias promissoras se transformam em negócios de alto impacto, assim como centenas de startups buscando atrair a atenção do mercado, de fundos de investimento e de grandes empresas.
Nessa disputa pelos holofotes, vencer o Startup Competition é um relevante diferencial para conquistar reconhecimento, impulsionar seus projetos, expandir operações e abrir novos mercados.
Em 2024, um destes canhões de luz destacou a Ostera, vencedora na categoria Mais Escalável. A healthtech está inserida na Incubadora Empresarial do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, e tem revolucionado a reprodução assistida com o OsteraTest. O exame identifica, com antecedência, quais óvulos têm maior potencial para se tornarem embriões saudáveis.
O projeto diferenciado permitiu à startup captar R$ 1,8 milhão, via edital do CNPq e do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde. Segundo os sócios da empresa, esse será o maior estudo de genômica do mundo com células do cumulus — estrutura que envolve os óvulos e é geralmente descartada na fertilização in vitro, mas carrega informações sobre a qualidade do óvulo.
— A pesquisa contará com a participação de clínicas de diversos Estados e resultará na criação de um banco de dados com 600 amostras, superando as 80 da maior base já existente — conta a sócia-fundadora e CEO da Ostera, Lucia von Mengden Meirelles.
A vitória na competição proposta na edição passada do South Summit não fez a empresa abandonar a estratégia de captação de recursos públicos, mas abriu portas no setor privado, uma delas no segmento agropecuário. Sócio-fundador e consultor científico da startup, Fábio Klamt conta que a partir de conexões realizadas no evento, agora a empresa aplica sua expertise também na reprodução animal, desenvolvendo teste semelhante ao OsteraTest, mas voltado para a fertilidade bovina.
Na categoria Mais Inovadora, a IBBX, de Capivari (SP), chamou a atenção com sua tecnologia de eletricidade sem fio, aplicada a sistemas de monitoramento para a indústria, cidades inteligentes e agricultura. A inovação permite que sensores recarreguem as próprias baterias ao converter a poluição eletromagnética em eletricidade, garantindo eficiência energética e autonomia para a coleta de dados.
— A longo prazo, queremos comercializar essa tecnologia a fabricantes de equipamentos que desejam incorporá-la aos seus produtos — destaca o CEO da IBBX, André Cunha.
Agora a startup está expandindo sua solução de monitoramento e investindo em pesquisa e desenvolvimento para consolidar sua posição no mercado.
Inovações que impulsionam o agro
Vencedora na categoria Melhor Time, a chilena PhageLab atua no segmento de biotecnologia para combate a surtos bacterianos.
Assim, a startup se propõe a melhorar a produtividade agropecuária com soluções baseadas no uso de bacteriófagos — vírus que atacam exclusivamente bactérias. Detentora de uma das maiores coleções desses vírus, a empresa, sediada em Santiago, utiliza inteligência artificial para desenvolver protocolos otimizados que eliminam patógenos como Salmonella e E. coli, impactando diretamente a avicultura.
Segundo o CEO da PhageLab, Hans Pieringer, a participação na competição foi um divisor de águas para a atuação da startup no Brasil, onde opera há sete anos. A empresa adotou um modelo inovador de remuneração baseado em desempenho: os clientes pagam conforme os resultados obtidos na eliminação de patógenos. Além disso, o evento permitiu novos investimentos e parcerias estratégicas, que devem acelerar sua expansão no país.
Outro case de sucesso foi a Cromai, de Piracicaba (SP), vencedora na categoria Destaque. Especializada em tecnologias para o manejo agrícola, a empresa utiliza drones, sensores e inteligência artificial para otimizar a pulverização em plantações de cana-de-açúcar e soja, reduzindo, em média, 60% o uso de herbicidas, tornando o processo mais sustentável e eficiente.
— Após o prêmio, dobramos o tamanho da nossa operação e fortalecemos ainda mais nossa credibilidade no mercado — afirma o CEO e fundador da Cromai, Guilherme Castro.
Para este ano, a startup planeja expandir suas soluções e lançou o Cromai Growline, tecnologia capaz de identificar falhas no plantio, mesmo em áreas infestadas por plantas daninhas.