
Uma plateia lotada vislumbrou na manhã desta sexta-feira (11), durante um dos painéis mais disputados do South Summit, em Porto Alegre, como será a televisão do futuro.
Chamada de TV 3.0, a nova etapa das transmissões marcará uma revolução na forma como o espectador consome programas com base em mais interatividade, personalização de conteúdo e qualidade de som e imagem. A prévia do quem vem por aí foi apresentada pelo CEO do Grupo RBS, Claudio Toigo Filho, e pelo diretor-presidente do Grupo Globo, Paulo Marinho, sob mediação do comunicador da RBS Luciano Potter durante o painel chamado "A TV do futuro e o futuro da TV".
Logo no início do encontro, realizado no espaço Arena Stage, um vídeo exibido nos telões demonstrou exemplos de transformações possíveis a partir da entrada em vigor do sistema também conhecido como DTV+. Trata-se de um novo padrão de TV digital que manterá os canais abertos gratuitos, como são hoje, mas promete surpreender a audiência pelo caráter técnico inovador.
Um dos aspectos mais perceptíveis é o salto na qualidade de imagem, que passará a ter definição de 4k a 8k, em patamar de ultradefinição, mais cor e som imersivo. Mas a forma de assistir aos programas também deverá mudar de maneira significativa a partir das possibilidades trazidas pelo sinal digital, como interatividade e personalização.
— O hábito de consumir TV será semelhante ao do consumo por aplicativos. Uma final de Gauchão, por exemplo, pode levar experiências diferentes para um colorado ou para um gremista, como enquetes dirigidas — observou Toigo.
Paulo Marinho aproveitou o exemplo da transmissão de futebol para detalhar outros recursos previstos:
— Além da melhor qualidade do sinal, poderemos ter uma locução diferenciada (para cada torcida), ou o espectador poderá optar por ouvir mais a narração, ou aumentar o som do estádio. Poderá ainda optar por ver o replay de um gol por diferentes ângulos. A experiência será muito mais personalizada.
Será viável, ainda, encaminhar a compra de um produto que aparece na tela, votar em tempo real enquanto assiste a um reality show ou enviar comentários a respeito de um determinado programa, entre inúmeras outras inovações. A publicidade poderá levar em conta o perfil específico de quem está assistindo para disponibilizar ofertas mais apropriadas.
Outra frente de trabalho é a incorporação da inteligência artificial a esse novo universo digital, o que possibilitaria melhorias como a sugestão de programas com base nas preferências demonstradas pelo espectador.
Marinho revelou que a Globo já vem realizando testes com a nova tecnologia de transmissão. Ainda neste ano deverá ser lançada uma estação-piloto, mas a disseminação da TV 3.0 no Brasil deverá ganhar impulso a partir da Copa do Mundo de 2026:
— No ano que vem, a partir da Copa, avança em alguns Estados e vai ganhando escala ao longo do tempo.
De acordo com Toigo, a RBS faz parte do grupo de trabalho que projeta a implantação da DTV+ no país, o que favorece os gaúchos no cronograma das inovações.
Compromisso com papel social e comunitário
Claudio Toigo Filho e Paulo Marinho fizeram questão de destacar que, apesar da revolução tecnológica, algumas características tradicionais dos veículos dos grupos RBS e Globo vão permanecer como valores perenes.
— Algumas coisas não mudam, o que inclui nosso papel social e comunitário. Vivemos hoje em uma sociedade, em muitos temas, polarizada. A polarização gera uma necessidade de união e de buscar consenso. Só com o debate que afasta não vamos construir o futuro. Por isso, estamos entrando em uma terceira fase da campanha Pra Cima Rio Grande, depois da retomada e do apoio à reconstrução, em que vamos trazer um convite para a união, para a gente convergir.
Marinho manteve compromisso semelhante:
— Não muda o nosso compromisso com o país. Vivemos muita polarização e desinformação, e a mídia acaba sendo atacada porque fazemos um trabalho sério e independente. O compromisso com o país é um legado que não mudará.
Mas a nova tecnologia também promete aprimorar a relação social dos meios de comunicação com seu público. O sinal digital permitirá o envio de mensagens de alerta regionalizadas em caso de risco de tragédias como a enchente que castigou os gaúchos em maio do ano passado.