Já virou rotina no WhatsApp da Rádio Gaúcha. Praticamente todos os dias, ao menos uma mensagem é enviada por ouvinte alertando: “porco na Severo Dullius”. A avenida é uma importante rota da zona norte de Porto Alegre, ligando a avenida Assis Brasil ao aeroporto Salgada Filho. A presença constante destes animais é um risco para motoristas que utilizam o trajeto. Muitas vezes eles precisam frear bruscamente para conseguirem desviar.
São vários os moradores da região que criam suínos. Por isso, é difícil saber se é sempre o mesmo animal circulando pelos arredores.
No entanto, um chamou a atenção da reportagem de Zero Hora. Na última terça-feira (22), um porco de grande porte e pelagem escura passeava pela avenida por volta das 8h. Em frente ao muro de uma empresa de construção, ele percorria a calçada de grama quando invadiu a pista dos carros. No mesmo instante, moradores reduziram a velocidade e passaram a buzinar.

A proprietária do porco é a recicladora Márcia Luciana Lourenço, que vive numa residência localizada nos fundos da avenida. Ela diz criar o animal para venda, e que a sua fuga ocorre “de vez em quando”.
— Ele acaba escapando. A gente até amarra, porém ele come as cordas — conta.
A criadora admite ser um problema, e diz querer evitar que a sua fuga se repita.
— Eu vou pensar em alguma coisa, uma cerca, ou amarrar melhor. Se não funcionar vou chamar a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) para recolherem. Eu não quero causar problemas no trânsito.
Animal pode ser agressivo
Segundo Márcia, trata-se de um porco “barrão”, ou cachaço, nome dado ao macho , utilizado para reprodução. São animais não castrados e que podem apresentar um comportamento agressivo. A orientação é que as pessoas não cheguem perto do animal.
— São animais essenciais para a reprodução na suinocultura, mas podem ser agressivos com outros animais e seres humanos, principalmente se estão no período da estação de monta (acasalamento) ou se são ameaçados. Ao avistar um animal como esse não se aproxime, procure os órgãos de fiscalização e de controle da prefeitura ou Estado — afirma o Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS, Mauro Moreira.
Avenida tem 10% dos animais recolhidos neste ano
Desde que teve a sua ampliação, em outubro de 2023, a Severo Dullius vem sendo um ponto de animais soltos, devido às comunidades que vivem ao redor e que mantêm a criação de animais.
Segundo a EPTC, apenas neste ano foram removidos oito cavalos e um bovino da avenida, o que representa 10% de todos os recolhimentos feitos na Capital até o dia 22 de abril. Segundo Gilberto Fonseca, agente de fiscalização de trânsito e responsável pelo abrigo de animais da EPTC e pela Equipe de Veículos de Tração Animal (EVTA), , a equipes começou a receber chamados da população para recolher o porco nas últimas semanas. Mas não foi possível capturar o suíno.
— Nós já o visualizamos e não conseguimos capturá-lo, pois ele acessa as cercas e entra para a propriedade ou para o mato, indo em direção à freeway. Nós também não conseguimos localizar o proprietário — afirma. A reportagem informou o nome de Márcia ao órgão, para que possa se chegar a um acordo.
A remoção de animais soltos em vias públicas é feita pela EPTC a partir do acionamento da população. Em 2025 foram feitos 88 recolhimentos. O número representa uma queda de 15% em relação aos 104 realizados no mesmo período de 2024. Ao serem recolhidos, os animais são levados a um sítio no bairro Lami. Parte deles é adotado, enquanto outras são devolvidos aos donos.
Não há punição para proprietários que permitem a fuga de animais, desde que não seja detectado maus-tratos. Nesse caso, é feito o registro na Polícia Civil e a pessoa responde criminalmente.