
O prefeito de Canoas, Airton Souza, endossou o discurso do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, de que são necessários mais recursos do governo do Estado para evitar o encerramento de serviços de saúde. Os dois chefes dos executivos se reuniram na manhã desta terça-feira (18).
Souza alega que Canoas destina recursos municipais e ameaça restringir atendimento para moradores de outras localidades. A rede do canoense é referência para outros 156 municípios.
— Se não conseguir (mais recursos), vou fechar o atendimento aberto para outras cidades e vou fazer o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) voltar a ser o que era na origem, para atender os canoenses. E o problema das outras cidades fica com o governo do Estado, ele que vá atender. Parece quem não querem ser parceiros, parece que não entendem o problema. É por aí o caminho — ameaçou Airton Souza.
O prefeito de Canoas reclama que por conta do programa Assistir, a cidade perdeu R$ 84 milhões em 2024.
— Nós gastamos quase R$ 10 milhões para manter o HPS aberto. O Estado nos ajuda com R$ 1,4 milhão. Eu vou pegar a chave do HPS e entregar para ele (governador Eduardo Leite), e ele que administre o HPS. Eu já estou bem decidido a fazer isso — completou.
Depois de anunciar na semana passada que cortaria serviços diante da superlotação na Capital, o prefeito de Porto Alegre iniciou uma rodada de reuniões com prefeitos da Região Metropolitana. Após essa primeira conversa com Canoas, Melo disse que o corte de serviços, se ocorrer, não será por exclusão de cidades.
— Eu tenho um contrato assinado que me dá um valor a mais pra Porto Alegre, porque somos referência. Acontece que esse teto já estourou há muito tempo — afirmou Melo.
— Quando eu digo que vou cortar, vou cortar serviços para Porto Alegre, mas também para o interior e grande Porto Alegre. Na verdade, o SUS é universal. Eu não posso trancar, por exemplo, de Guaíba. Isso vai atingir todo mundo — completou.
Segundo Melo, além de buscar apoio para pressionar o governo estadual em busca de mais recursos, as reuniões buscam também sensibilizar e explicar aos demais municípios as dificuldades da Capital.
— Se nós vamos falar com o governo estadual, nós precisamos de um consórcio metropolitano daqueles que são referência. Tem que ser parceiro, não estão botando dinheiro no sistema de Porto Alegre. Eu não atendo em Gravataí o que precisa atender, não atendo em Viamão, não atendo em Alvorada, então vem para Porto Alegre e a rede de Porto Alegre não tem capacidade. Vou conversar com meus colegas prefeitos de forma muito fraterna — disse Melo.
O prefeito também enviou um ofício ao Ministério da Saúde pedindo audiência com o ministro Alexandre Padilha, com a presença de outros prefeitos da Grande Porto Alegre. No fim da tarde desta terça (18), secretários municipais da Capital devem se reunir com a secretaria estadual de saúde em busca de uma solução para o impasse.