
A possibilidade de que o prédio batizado como Esqueletão termine de ser demolido de forma braçal, em vez de por uma implosão, como está previsto até o momento, poderia ampliar em cerca de três meses o prazo previsto para a entrega do terreno cercado e livre de destroços no centro de Porto Alegre — o que está originalmente programado para ocorrer até o final deste ano.
O secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, afirma que o cálculo do período excedente é uma estimativa ainda "informal". Na sexta-feira (25), representantes da prefeitura e da Câmara de Vereadores realizaram uma vistoria em prédios próximos e ouviram comerciantes que se dizem preocupados com possíveis impactos estruturais sobre a região de uma implosão à base de dinamite.
A visita da comitiva ao Centro Histórico serviu para monitorar o andamento do trabalho e registrar as manifestações de quem trabalha ou vive perto do edifício que permanece inacabado desde a década de 1950. Não foram tiradas conclusões definitivas até este domingo (27). O método a ser utilizado para concluir a destruição do Esqueletão voltará a ser discutido entre técnicos da prefeitura nesta segunda-feira (28), e uma decisão deverá ser tomada apenas nos próximos dias.
— A parte mais importante dessa vistoria foi permitir que os comerciantes do entorno expressassem suas preocupações. Eles têm receio de que uma implosão provoque vibrações que causem algum dano, como soltar janelas, esse tipo de coisa. Eles também entendem que a vantagem da implosão em termos de tempo e economicidade não seria tão significativa — afirma André Flores.
O secretário lembra ainda que, como está previsto em contrato que a empresa responsável pela demolição deve fazer o trabalho manualmente até chegar ao nono andar e depois recorrer aos explosivos, qualquer eventual mudança exigiria que fosse negociada uma alteração nos termos do acordo.
O vereador Marcos Felipi (Cidadania) vem atuando como intermediário de empresários e moradores do entorno do Esqueletão com a prefeitura. Ele fez parte do grupo que percorreu o Centro Histórico na sexta-feira.
— Todos são favoráveis à demolição. A questão é que existe um temor de que uma implosão tenha impacto na estrutura de outros prédios próximos que não são tombados, mas são históricos. Já há relatos de queda de algumas partes de reboco em paredes, já que alguns são prédios com pouca manutenção. O receio é por não saberem o que uma implosão vai causar. A demolição mecânica, como está sendo feita agora, está avançando rapidamente e poderia ser mantida assim — afirma Felipi.
O vereador acredita que, preservado o ritmo atual de desconstrução manual, o prazo de três meses estimado pelo município poderia até ser reduzido para algo em torno de dois meses. O titular da Secretaria de Obras e Infraestrutura afirma que todos os aspectos técnicos serão discutidos internamente pela prefeitura, e que as questões mencionadas durante a vistoria também serão consideradas.
Demolição
O processo de desmonte começou em janeiro de 2024, mas foi embargado um mês depois. Em agosto, a empresa conseguiu autorização para retomar o trabalho, o que se confirmou em setembro com a destruição dos quatro andares da estrutura ao fundo do terreno. Já a demolição da torre principal do Esqueletão, completou três meses. Dos 19 andares, restam apenas 11.
O destino do terreno após a remoção de todos os destroços dependerá de decisão judicial, já que o imóvel tem cerca de 50 proprietários, dívidas de IPTU, e o município arcou com os custos de R$ 3,79 milhões de toda a operação de retirada.