A Polícia Civil começou a ouvir nesta terça-feira (21) os primeiros depoimentos das testemunhas do afogamento de Rafaella Parodi de Azevedo, de oito anos, em uma piscina da Associação Comunitária Parque dos Maias (Acopam) no sábado (18). A criança morreu após se afogar na sede do clube durante a tarde.
Os primeiros depoimentos tomados foram os de Fernanda Parodi, mãe da menina, e do padrasto da criança, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil, mas que também estava no local no momento do ocorrido.
Ele e a mulher, conforme o relato encaminhado à Zero Hora na segunda-feira (20), tomaram a iniciativa de levar a menina ao Hospital Cristo Redentor (HCR) por conta da demora no socorro.
A delegada responsável pela investigação, Alice Fernandes, vai ouvir nesta quarta-feira (22) os dirigentes da Acopam e prevê o depoimento do bombeiro civil da Associação para esta semana. Os detalhes sobre o que a mãe e o padrasto de Rafaella disseram não foram divulgados pelas autoridades.
Ela foi socorrida no local e levada por familiares ao Hospital Cristo Redentor. Os médicos tentaram reanimar a criança por cerca de uma hora, mas ela não resistiu. A dinâmica da ocorrência ainda é apurada pela delegada, que não descarta a hipótese de falha no atendimento do caso, ainda no clube comunitário.
Por conta disso, a Polícia Civil enviou um ofício ao Samu solicitando informações. Segundo a prefeitura de Porto Alegre, a Acopam não faz parte das piscinas mantidas pelo município (leia abaixo a nota da Secretaria Municipal de Saúde na íntegra).
Em nota, a Acopam diz que "prestou os devidos socorros no momento dos fatos, e compartilhará as imagens das câmeras de segurança para auxiliar nas investigações." A Associação acrescenta que "se coloca à disposição para esclarecimentos junto aos órgãos competentes" (leia abaixo).
Confira a nota da Associação Comunitária Parque dos Maias na íntegra:
"A ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA PARQUE DOS MAIAS (ACOPAM), vem, por intermédio de suas advogadas Lidiane Rossato Issi e, Thalia Strieder Ribeiro, esclarecer questões relativas às manifestações, em veículos de imprensa, sobre os fatos ocorridos no último sábado dia 18/01/2025, no interior da Associação.
Destacamos, inicialmente que a ACOPAM é uma Associação Comunitária que atende ao bairro Parque dos Maias, disponibilizando serviços comunitários, e lazer para a comunidade. A utilização da piscina comunitária ocorre mediante às regras previamente estabelecidas pela Associação, como por exemplo: Ingressos limitados de acordo com a capacidade do ambiente; entrada de menores de idade somente acompanhados dos responsáveis; e outros.
Salienta-se que a ACOPAM possui serviço de primeiros socorros, que é realizado por um bombeiro civil/guarda vidas que trabalha no local.
No dia 18/01/2025, o bombeiro civil estava em serviço e realizou o atendimento de primeiros socorros na vítima. No mesmo instante, a diretoria da ACOPAM acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU/192), momento em que foi realizado um atendimento prévio, e encaminhado uma ambulância de UTI móvel até o local. Contudo, este serviço estava se deslocando do Hospital Cristo Redentor até a Associação, e em decorrência do tempo de espera, a criança foi removida e encaminhada ao Hospital pelos próprios familiares.
Na data do fato a ACOPAM entrou em contato com os familiares para saber informações sobre o atendimento médico, onde foi informada que a criança havia sido reanimada e estava sob observação. Deste modo, soube do óbito somente por volta das 11h de domingo (19/01/2025), por intermédio de redes sociais e, imediatamente determinou o fechamento dos portões da Associação, permanecendo somente as pessoas que ali já estavam.
Neste sentido, a ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA PARQUE DOS MAIAS (ACOPAM), prestou os devidos socorros no momento dos fatos, e compartilhará as imagens das câmeras de segurança para auxiliar nas investigações. No mais, se coloca à disposição para esclarecimentos junto aos órgãos competentes.
Por fim, a ACOPAM permanecerá fechada em respeito aos familiares e amigos da vítima, manifestando solidariedade e condolências.
Informa também que serão tomadas as medidas legais e jurídicas cabíveis em face as publicações midiáticas inverídicas."
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde:
"A Secretaria Municipal de Saúde informa que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) prestou atendimento dentro dos protocolos estabelecidos no caso ocorrido no sábado, 18, na ACOPAM (iniciativa privada). Esclarecemos abaixo a linha do tempo e as ações realizadas:
● 17h36: A ligação de emergência foi recebida pelo número 192.
● 17h38: A telefonista repassou a chamada ao médico regulador, que imediatamente iniciou orientações de manobras de reanimação para os presentes.
● 17h40: O médico regulador despachou uma ambulância de suporte avançado (UTI móvel) da base do Hospital Cristo Redentor, considerando a gravidade relatada: uma parada cardiorrespiratória que demandava recursos especializados.
● 17h44: Durante o deslocamento da equipe, o SAMU foi informado que a vítima havia sido removida por conta própria.
Ressaltamos que a resposta do Samu seguiu os padrões técnicos e clínicos adequados para situações de emergência. A equipe médica mobilizada estava em deslocamento com suporte avançado quando a remoção por terceiros foi comunicada.
O Serviço mantém o compromisso de prestar assistência de qualidade e reforça a importância de aguardar a chegada das equipes especializadas e realizar os cuidados orientados pelo Médico Regulador, para, dessa forma, assegurar o manejo adequado e seguro das vítimas, especialmente em casos críticos como este.
Seguimos à disposição."