Há mais de 10 dias, os moradores da Rua Santuário, no bairro Vila Nova, na zona sul de Porto Alegre, enfrentam falta de água em suas casas. Na maioria das residências, o problema começou em 28 de dezembro do ano passado. Dependendo de cada ponto da rua ou dia, há oscilação entre a falta total de água, baixa pressão ou abastecimento somente durante a madrugada.
— A gente comprou um motor para mandar água para a nossa caixa, para ir água no chuveiro, na descarga, para lavar uma louça, fazer comida — relata Raquel Vieira Machado, 36 anos, à reportagem de Zero Hora, que esteve no local nesta quarta-feira (8).
Durante a madrugada, Raquel despertou às 3h para aproveitar o breve período em que sai água da mangueira para abastecer uma caixa d'água que a família tem no pátio. Ela mora com os dois filhos, o marido e dois cachorros.
Os moradores contam que a falta de água vem acompanhada da falta de esclarecimento. Todo dia, desde que o problema começou, Leonardo Barreiros dos Santos, 50 anos, liga para o 156 — ramal de atendimento da prefeitura, no qual é possível falar com o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) — para abrir um protocolo junto ao órgão. Segundo ele, até o momento, não recebeu retorno de prazo que se concretizasse.
— Se passou (o Dmae no local), a gente não sabe. Se o pessoal fez obra, a gente não sabe. Vou chamar de descaso, porque você não tem pra onde correr — desabafa.
A saída que Santos encontrou para lidar com as demandas do cotidiano foi encher cerca de 12 galões de 5 litros com água na casa de amigos, assim como, eventualmente, tomar banho e lavar roupa na casa deles.
— Mas às vezes tem de ser "banho de gato" mesmo — conta o colega de casa de Santos, Jonatas Capponi, 38 anos.
Cavalos sem água
O ponto mais alto da Rua Santuário é ocupado pelo Centro de Equitação Cristal, uma escola de hipismo. Devido à altitude do local, a água começou a faltar antes do que no restante da área, na segunda quinzena de dezembro. A proprietária da escola, Gilseia Quadros de Castro, conta que tem usado água do seu poço artesiano para suprir as necessidades dos alunos e dos 70 cavalos que mantém no local. Porém, a água do poço está secando.
— Vou ter de recorrer a comprar (pagar) um caminhão-pipa — Gilseia relata. — Eu já estou aqui há 23 anos e nunca tinha acontecido isso.
O que diz o Dmae
Na terça-feira (7), o Dmae emitiu nota comunicando que os reparos na rede para solucionar o problema de fornecimento de água na Rua Santuário tinham expectativa de conclusão para o final do dia. Porém, o problema persiste.
Nesta quarta-feira (8), o Dmae afirmou que está com equipes nas ruas para identificar a causa da persistência do desabastecimento, atuando para restabelecer os serviços o quanto antes. A Rua Santuário é abastecida pela Estação de Bombeamento de Água Tratada (Ebat) Cascatinha, que opera normalmente, segundo o departamento.
*Produção: Fernanda Axelrud