A Polícia Civil instaurou nesta segunda-feira (20) um inquérito para apurar as circunstâncias envolvendo a morte de uma menina, de oito anos, por afogamento em uma piscina da Associação Comunitária do Parque dos Maias (Acopam), no sábado (18), na zona norte de Porto Alegre.
Conforme a delegada Alice Fernandes, responsável pela investigação, ainda não há uma hipótese principal para o caso. No entanto, não é descartada uma possível falha no socorro à Rafaella Parodi de Azevedo. Ela chegou a ser socorrida com vida e encaminhada ao Hospital Cristo Redentor (HCR), mas não resistiu. A instituição de saúde confirmou a morte por afogamento.
Segundo a mãe da vítima, Fernanda Parodi, não havia guarda-vidas no local, apenas um monitor. Após o resgate, o homem, de acordo com ela, não soube prestar os primeiros socorros. A mãe alega que pediu ajuda, mas ninguém da associação ofereceu apoio. A criança teria sido levada até o hospital por outras pessoas.
— Eu gritei, bati nas grades e não tinha ninguém. Uma mulher estava passando na rua e nos levou para o Cristo Redentor. Meu marido fez os primeiros socorros em áudio com a madrasta da minha filha, que é enfermeira. Entregamos nas mãos dos médicos e eles ficaram 65 minutos tentando reanimar ela. Eu perdi o amor da minha vida — lamentou.
A mãe conta ela, o marido e a filha estavam estavam dentro da piscina, quando a menina disse que iria mergulhar.
— Ela mergulhou, logo subiu e neste momento eu falei para o meu marido tirar ela da água porque estava se afogando. Gritamos por socorro, veio um monte de gente na volta e o suposto "salva-vidas" que estava lá não sabia o que fazer, nem prestar os primeiros socorros — disse a mãe.
Conforme Fernanda, o marido tomou a iniciativa de tentar socorro junto aos banhistas que estavam no local. A família, então, foi até um posto do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que estaria fechado, somente com uma ambulância à vista.
Em nota, a Acopam lamentou o ocorrido, e se colocou à disposição da família. Os responsáveis pelo centro comunitário também registraram um boletim de ocorrência sobre o caso. (leia a íntegra ao final da reportagem)
Segundo a Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ), a associação não faz parte das piscinas mantidas pela prefeitura. Ao todo, a prefeitura mantém cinco estruturas. Conforme a pasta, não há qualquer vínculo relacionado à fiscalização do local por parte da gestão municipal.
Questionada sobre a falta de ambulância para atendimento no momento do ocorrido, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que o Samu prestou atendimento dentro dos protocolos estabelecidos na Associação.
Conforme a pasta, durante o deslocamento da equipe, o serviço foi informado de que a vítima havia sido removida por conta própria para o hospital.
O que diz a Secretaria Municipal de Saúde
"A Secretaria Municipal de Saúde informa que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) prestou atendimento dentro dos protocolos estabelecidos no caso ocorrido no sábado, 18, na ACOPAM (iniciativa privada). Esclarecemos abaixo a linha do tempo e as ações realizadas:
● 17h36: A ligação de emergência foi recebida pelo número 192.
● 17h38: A telefonista repassou a chamada ao médico regulador, que imediatamente iniciou orientações de manobras de reanimação para os presentes.
● 17h40: O médico regulador despachou uma ambulância de suporte avançado (UTI móvel) da base do Hospital Cristo Redentor, considerando a gravidade relatada: uma parada cardiorrespiratória que demandava recursos especializados.
● 17h44: Durante o deslocamento da equipe, o SAMU foi informado que a vítima havia sido removida por conta própria.
Ressaltamos que a resposta do Samu seguiu os padrões técnicos e clínicos adequados para situações de emergência. A equipe médica mobilizada estava em deslocamento com suporte avançado quando a remoção por terceiros foi comunicada.
O Serviço mantém o compromisso de prestar assistência de qualidade e reforça a importância de aguardar a chegada das equipes especializadas e realizar os cuidados orientados pelo Médico Regulador, para, dessa forma, assegurar o manejo adequado e seguro das vítimas, especialmente em casos críticos como este.
Seguimos à disposição."
O que diz a Acopam
"A ACOPAM lamenta profundamente o ocorrido no dia de ontem. Estamos extremamente consternados com o falecimento de Rafaella Parode de Azevedo. Tomamos conhecimento através das redes sociais por volta das 11 horas do dia 19 de janeiro de 2025. Diante dessa triste notícia, tomamos a iniciativa de suspender novos ingressos à Associação em respeito ao acontecimento. Além disso, informamos a todos presentes no local que encerraremos as atividades às 16h de hoje para as pessoas que já estavam presentes antes das 11h. Neste momento de dor, manifestamos nossa solidariedade e condolências e sentimentos aos familiares e amigos de Rafaella. Informamos que estamos à disposição da família para apoio neste momento de dor."