O temporal que atingiu Porto Alegre e Região Metropolitana na quarta-feira (1º) deixou 115 mil imóveis sem energia elétrica. Até as 19h desta quinta (2), ainda eram 5,4 mil unidades consumidoras que aguardavam o retorno da luz.
A recorrência das quedas de energia após episódios de chuva forte, especialmente na Capital, levanta questionamentos sobre a atuação da CEEE Equatorial. Quais as melhorias necessárias na rede, a fim de evitar os problemas, e a resposta da empresa responsável pelo abastecimento na região após as intempéries para restabelecimento da luz são dúvidas.
Questionada por Zero Hora, a concessionária assegura que tinha todas as equipes trabalhando no primeiro dia do ano, apesar do feriado, e atribui a extensão do desabastecimento ao vento forte, que, segundo a empresa, não estava previsto pelas principais empresas de meteorologia.
— Ontem (quarta-feira, dia 1º), nós colocamos todas as equipes em campo para trabalhar frente ao aumento de ocorrências. Todas as 500 equipes estavam trabalhando dentro do nosso plano, tanto no Litoral Norte, quanto na Região Metropolitana e no eixo do Litoral Sul — afirma o superintendente da Regional Norte da CEEE Equatorial, Sergio Valinho, acrescentando que essas equipes representariam mil profissionais.
Além do vento, Valinho cita os 88 milímetros de chuva registrados em 24 horas.
— Isso (chuva) representa quase 70% do que estava previsto para o mês. E veio seguida de vento. Teve pontos da cidade com até mais de 70 km/h de vento. E aí nós tivemos o arremesso de algumas árvores e de galhos sobre a rede elétrica. Foi o que causou a maior quantidade de desligamentos — observa.
Inquirido sobre o que tem sido feito em termos de substituição de equipamentos e melhorias na rede, para torná-la mais resistente à chuva e ao vento, o superintendente ressalta a substituição de postes de madeira. Segundo ele, eram 850 mil no começo da concessão, número que já teria sido reduzido para 500 mil.
— A gente tem um plano de visita a esses postes (os de madeira) para identificar a condição deles, nem todos estão em condição ruim, operacional, e estamos intensificando, inclusive, a substituição. Esse ano a gente tem a previsão de trocar em torno de 60 mil a 100 mil postes de madeira por postes de concreto, e esse é um projeto que a gente está acelerando — comenta.
Sobre as redes, acrescenta:
— A gente tem feito substituição de condutores convencionais por condutores que são protegidos. Sobretudo em avenidas e ruas que têm maior concentração de árvores.
Casas de bombas
Além da falta de energia, o temporal da quarta-feira causou alagamentos em Porto Alegre. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) relacionou, ao menos em parte, o problema à falta de eletricidade nas casas de bombas (sistemas que fazem com que a água que desce pelos bueiros vá para o Guaíba).
As estações de bombeamento contam com geradores, mas nem todos foram acionados, admitiu o departamento.
A CEEE Equatorial afirma que apresentou ao Dmae, ainda em 2024, sugestões de alternativas para garantir o abastecimento das casas de bombas. A concessionária diz que ainda aguarda resposta da prefeitura.
— A gente já colocou na mesa, dentro desse plano de trabalho, essa opção de segunda fonte de alimentação para as principais unidades do Dmae. Estamos aguardando o retorno formal do Dmae para que a gente possa, ou não (executar). Porque eles podem negar também essas obras, construir essas redes — explica Sergio Valinho.
Semáforos
Conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), 30 semáforos ficaram inoperantes após este recente temporal, sendo 13 por falta de energia. Dessas ocorrências, 24 já foram encerradas.
Até as 15h30min desta quinta, seis sinaleiras seguiam com problemas, sendo três por falta de energia. Nas demais, a EPTC trabalhava para retomar o funcionamento.