O Ministério Público (MP) denunciou nesta quinta-feira (21) a tutora do cachorro que atacou uma mulher no mês passado em Porto Alegre. A responsável pelo animal pode responder pelo crime de tentativa de homicídio com dolo eventual. Agora, cabe ao Judiciário a decisão de aceitar ou não a denúncia.
O caso aconteceu em 21 de outubro no bairro Menino Deus. A vítima, a servidora pública Morgana Pias, 52 anos, empurrou o portão de um condomínio para que a tutora, de 35, cujo nome não foi divulgado, entrasse. Ela estava com dois cães da raça American Bully na guia. Um dos animais atacou Morgana (veja vídeo abaixo), que teve ruptura em um ligamento do joelho esquerdo.
— A minha mobilidade tem sido difícil, eu dependo das pessoas. E faço sessões de fisioterapia. As lesões da mordida ainda estão em processo de cicatrização e faço troca de curativos a cada quatro dias. Eu ainda tenho um resquício de hematoma ainda abaixo do olho e uma cicatriz no rosto — conta Morgana, que está afastada do trabalho desde o episódio.
Ainda em outubro, a Polícia Civil indiciou a tutora dos cães por omissão de cautela na guarda de animal e por lesão corporal com dolo eventual. Em depoimento, ela declarou que costumava usar a focinheira nos cachorros, mas que o acessório havia estragado no final de semana anterior ao ataque. Entretanto, imagens de câmeras de segurança às quais a polícia teve acesso mostram a mulher saindo com os dois animais na guia e sem a focinheira diversas vezes.
Uma lei estadual determina que raças como a do cachorro envolvido no episódio somente circulem pelas ruas na guia e com focinheira. Segundo a investigação, o mesmo cachorro já havia agredido um outro cão em um parque da Capital há cerca de três meses.
— Quando a gente vivencia um trauma desses, dessa violência, a gente se questiona: por que comigo? Por que esta violência toda? Então, eu acho que essa denúncia trouxe um significado para tudo isso. E também um alerta, né? Para que as pessoas sejam mais responsáveis — avaliou Morgana sobre a denúncia do MP.
Zero Hora tenta contato com a tutora do animal desde o dia da ocorrência, mas sem retorno. O espaço permanece aberto.