Um problema que assola o bairro Moinhos de Vento há mais de uma década está próximo de uma solução permanente. As obras de contenção do morro Ricaldone, previstas para findar em maio deste ano, têm nova previsão de conclusão para o final de 2024.
A parte do morro que passava por constantes deslizamentos em dias de chuva fica na Rua Engenheiro Saldanha, próximo a prédios residenciais. Na parte de cima da rua, um trecho já possui um muro de contenção destinado a barrar as eventuais movimentações de terra (veja mais detalhes no gráfico abaixo). A estrutura será mantida, mas não reforçada.
O projeto da obra foi doado à prefeitura pelos moradores da região, e, desde janeiro deste ano, os trabalhos são executados pela empresa R.C.A Engenharia e Infraestrutura.
No local dos deslizamentos, o solo foi estabilizado para que não haja erosão da encosta, e depois foi "grampeado" e fixado, como explica o secretário de obras e infraestrutura de Porto Alegre, André Flores:
— Estruturas foram atravessadas no solo, para fixar, depois, por cima, é colocada uma tela, depois, um concreto projetado, e depois ainda é colocada uma vegetação em cima do concreto, para fixar bem e não ter um impacto visual tão grande.
Onde os trabalhos já estão em fase final, a vegetação já começou a ser plantada em cima do concreto. Na parte mais íngreme da encosta, onde os serviços estão menos avançados, o concreto ainda está aparente.
Ao contrário do que foi observado em outras obras da cidade, que atrasaram por conta da enchente histórica que atingiu o Estado, o aumento do prazo para o fim das intervenções no Ricaldone se deram em virtude da necessidade de ampliação das obras.
Conforme a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), a área da intervenção foi ampliada em cerca de 20%. O custo da obra também aumentou, passando de R$ 1,2 milhão para R$ 1,4 milhão.
Árvores em meio ao concreto
Na encosta do morro Ricaldone, onde o solo foi grampeado, chama a atenção a forma que a tela e o concreto foram distribuídos, no entorno das árvores.
Parte dos vegetais foi removida, enquanto outros foram podados. As raízes das árvores foram mantidas no local, entre a estrutura colocada durante a obra.
De acordo com a Smoi, nenhuma árvore foi cortada, e os vegetais teriam sido podados. As raízes não foram removidas e assim, segundo o executivo municipal, as árvores voltarão a crescer no tempo necessário.
Na avaliação de Cleudis Tolotti, que reside em um prédio em frente à encosta, apesar da diminuição da área verde, a medida de contenção é necessária para garantir a segurança.
— Nós temos certeza de que árvores vão ser replantadas no final da obra, eles (a prefeitura) nos garantiram. Nós aqui do condomínio também, no final da obra, vamos replantar embaixo, bem na beiradinha, algumas eras ou coisas assim. Nos comprometemos a fazer isso, mas acreditamos que vai ficar bonito, daqui a um tempo vai fechar de novo todo aquele verde que nós tínhamos antes, e agora com segurança — opinou.
Ainda conforme a secretaria, foram plantadas cerca de 300 sementes de espécies nativas como as variedades de Ipê e Angico, além de mudas compensatórias no morro.