Na manhã desta quarta-feira (29), pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, participaram do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, para falar sobre a enchente que assolou a Capital e Região Metropolitana.
Questionados sobre como funciona o sistema de proteção contra as cheias de Porto Alegre, o Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e professor, Fernando Dornelles, explica que o muro da Mauá funciona como uma forma de barrar a entrada da água na cidade. No entanto, ela também evita que a água saia.
O pesquisador Rodrigo Paiva, também Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, propõe iniciativas a curto prazo. Em um primeiro momento, será necessário levantar as comportas, vedá-las adequadamente e recompor as casas de bombas. É consenso entre os pesquisadores de que o muro de contenção funcionou para o que foi desenvolvido, mas precisa de reparos nas comportas.
— É só reformar. Ele atingiu a cota dele de coroamento. A cota seis metros não foi atingida pela cheia. Ele ficou dentro daquela margem de segurança — afirmou Dornelles.
Dentre os planos que devem ser iniciados a médio e longo prazo, o professor Anderson Ruhoff indica fortalecer o sistema de monitoramento hidrometeorológico de todas as bacias, não somente as da Região Metropolitana.
— A gente está falando bastante da capital, mas o interior tem vazios de medição, por exemplo, que as pessoas não sabem. Não tem uma medição oficial de quanto está chovendo. E isso acaba, sim, sendo uma grande bola de neve — ressaltou Ruhoff.
Além disso, o próprio IPH já propôs critérios para reconstrução baseadas em mudanças climáticas para recalcular a altura dos diques de cidades como São Leopoldo e Canoas.
— A gente acabou de terminar um estudo no IPH, feito para a Agência Nacional das Águas, que faz essa avaliação do impacto da mudança climática para as próximas décadas no Brasil inteiro, e mostra que é justamente no Rio Grande do Sul onde a gente teria aumento da magnitude e da frequência destas cheias extremas. Uma primeira avaliação seria, justamente, recalcular estes parâmetros para Porto Alegre — afirmou o professor do IPH Rodrigo Paiva.
Fernando Fan, porém, pondera que isso não significa, necessariamente, fazer um muro mais alto:
— Não estamos falando que é para aumentar o muro. As estruturas de proteção podem ser diversas. Não necessariamente as medidas vão ser sempre estruturais.
Já a dragagem dos rios, assunto que tem ganhado muito espaço nos últimos dias, não é indicada pelos especialistas. Este tipo de desobstrução só é utilizada em rios retificados, como o Arroio Dilúvio e naqueles que tiveram uma mudança do uso do solo na bacia.
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