Apesar do tempo ensolarado, a água seguia acumulada nesta sexta-feira (29), na Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre. O alto nível do rio Jacuí ainda agravava a situação.
Muitas pessoas estão ilhadas no bairro. Em alguns trechos da rua Nossa Senhora da Aparecida o acesso é feito de barco já que a água passa da cintura. O proprietário de uma fábrica de móveis Vilson leite, 72 anos, precisou sair de casa e dormir no trabalho. Nesta sexta, ele voltou ao local.
— Eu imaginei que poderia ficar em casa, mesmo ilhado. Mas a água subiu muito rápido. Levantei os móveis, coloquei o macacão pantaneiro e fui pra cidade onde fiquei acampado por dois dias na fábrica — explica.
Na Região das Ilhas, 109 pessoas estão alojadas na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem e no Salão paroquial da Ilha da Pintada. Há cerca de mais 70 pessoas abrigadas em outros pontos da cidade, segundo a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc): no Ginásio Demhab são 66 pessoas, e oito no Salão Comunitário da Vila dos Sargentos Gaditas.
O reciclador Marlon dos Santos, 54 anos, afirmou que conseguiu salvar seus móveis, mas suas roupas ficaram molhadas. Ele destacou a necessidade de estar sempre preparado para as enchentes, mas também expressou preocupação com a possibilidade de futuras inundações.
— Aqui a gente tem que estar preparado sempre. Mas a gente fica com medo, porque a água pode voltar sempre, e ela está dando sinal devastador — relata.
Os moradores aproveitaram o dia para avaliar os danos e tentar limpar suas casas. A recicladora Susana de Moraes, 40 anos, moradora da ilha há três anos, viu sua casa ser inundada pela primeira vez.
— De uma hora pra outra veio (água) e levou tudo, não sobrou quase nada. Agora só tem muito barro e folhas, muita sujeira. Pra limpar, tá sendo bem difícil — desabafa.
Apesar de ter sido afetada, Susana também está ajudando os outros moradores. Ela é voluntária no grupo "Amigos da Moa e da Thalya", um projeto criado em 2015 para auxiliar a população local. Nessa tarde, ela se uniu a outras voluntárias para organizar as doações.
— Hoje a gente recebeu fralda, leite, roupas. Mas ainda precisamos de muitas coisas, porque a gente é esquecido aqui na ilha, ninguém vem nos ajudar. Então a gente se ajuda entre nós — desabafa.
O apelo por ajuda também foi feito pela social media Simone Martins, voluntária do projeto. Ela detalhou as necessidades urgentes dos moradores da ilha.
— Alimentos, fralda, leite, materiais de higiene, limpeza para o pessoal limpar as suas casas, ração para os animais. Frutas e verduras também são uma grande necessidade, porque a gente não tá tendo acesso. Tudo que vier é muito bem-vindo e de valia — afirma.