O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) deu partida a um projeto que irá durar cinco anos e tem como meta recadastrar a totalidade dos usuários da água em Porto Alegre.
Na ação, agentes do Dmae e da empresa AcquatecSul também realizam aferição de hidrômetros e checagem de vazamentos. Com dados obtidos pela aplicação de um questionário, o órgão da Prefeitura pretende formar informações que orientem futuros investimentos na infraestrutura para a cidade.
Nenhum valor é cobrado durante a atividade e os agentes têm obrigação de apresentar identificação.
O questionário abrange perguntas sobre o responsável financeiro pelo ramal de água (nome completo, telefone e CPF). Além disso, os recadastradores perguntam também qual a categoria do imóvel (se é uma residência, um comércio ou um prestador de serviços), quantas pessoas residem ou trabalham no ambiente, o número de economias que compõem o espaço e as características da edificação.
Também irão observar se há reservatório ou caixa d'água, se existe alguma fonte de água alternativa, como poço artesiano ou cisterna. Ainda, se possuem piscina ou jardim.
No entanto, infrações eventualmente constatadas durante as visitas poderão acarretar autuação dos proprietários dos imóveis.
A intenção, segundo o diretor-geral do Dmae, Maurício Loss, é constituir um mapa sobre o uso da água em Porto Alegre.
— O planejamento de obras e investimentos depende de entendermos o perfil do nosso usuário. Onde estão as concentrações populacionais com relação à rede de abastecimento e onde há demanda por melhorias — explica Loss.
Segundo o diretor do Dmae, 15 agentes trabalham diariamente em campo para o recadastramento. São realizadas pelo grupo, em média, 480 visitas por dia. Desde a semana passada, os técnicos atuam nos bairros Moinhos de Vento, Rio Branco, Santa Cecília, Petrópolis, Jardim Botânico, Mont’Serrat e Bela Vista.
Uso racional integra relato de usuários
— Aqui em casa guardamos a água da lavagem das roupas para lavar calçadas e o espaço do nosso cachorrinho. Somos seis adultos na família e levamos muito a sério o cuidado com a água — descreve a aposentada Margarete Nardi, 62 anos, que recebeu a visita técnica nesta sexta-feira (17).
Conforme a moradora da Rua João Guimarães, no bairro Rio Branco, a renúncia ao desperdício de água tornou-se um assunto delicado para a família há muitos anos.
— É um tema doloroso para nós. Na infância, deixávamos de visitar nossos avós no verão, em Guabiju, justamente porque não havia água suficiente para todos que lá moravam e para os cuidados de plantas e animais. Por isso, evitavam receber visitas. É uma lembrança muito triste, mas que deixou uma lição importante — aponta Margarete.
Em um condomínio da Avenida Protásio Alves, no mesmo bairro, quem recebe os cadastradores é o zelador Anderson Severo Aguilar, 45 anos.
— Aqui a água é partilhada entre 64 famílias que moram nos apartamentos do prédio. A regra é economizar. Regamos os canteiros de plantas somente duas vezes por semana e, mesmo assim, é uma molhada bem rápida. Limpezas jamais são feitas de mangueira. Compramos um pressurizador, mas está guardado. Usamos apenas um vez em dois anos — conta o trabalhador do condomínio.
Mais bairros entram na lista após Carnaval
A partir da próxima quarta-feira (22), após o Carnaval, os bairros Glória e Partenon começam a entrar no roteiro da ação.
Para casos de dúvida na abordagem das equipes, o Dmae recomenda o contato pelo telefone de serviços da Prefeitura: 156, pelo qual atendentes poderão confirmar a identificação dos trabalhadores da atividade.
Além disso, os participantes da ação se apresentam nas abordagens caracterizados com uniformes contendo logomarcas da empresa AcquatecSul e do Dmae, além de crachá com dados pessoais. Os profissionais realizam as ações de segunda-feira a sábado, das 8h às 18h. Serão visitadas todas as 328 mil ligações de água de Porto Alegre.