Os bombeiros seguem realizando buscas pelo piloto da aeronave que caiu na noite dessa segunda-feira (3) no Guaíba, na zona sul de Porto Alegre, após decolar de Eldorado do Sul, na Região Metropolitana. O trabalho, iniciado ainda à noite, se estende por mais de 14 horas. Conforme a corporação, o homem que pilotava o monomotor é Luiz Cláudio Petry, 43 anos.
Petry, que é um dos donos da aeronave, faria um voo curto até a região do bairro Belém Novo e retornaria para Eldorado. Os sócios e mais um piloto, que trabalham com ele, estiveram no local. A suspeita é de que houve uma pane no ultraleve. Modelo Wega 180, o avião podia chegar a 350 km/h, de acordo com as especificações técnicas no site da companhia.
Durante a madrugada e o início da manhã desta terça-feira (4), foram encontradas as asas, a cabine do piloto, o motor e um pedaço da parte traseira da aeronave, que estava ligada a um cabo de aço. O motor está no fundo do Guaíba, cravado na areia. O ponto fica a cerca de 25 minutos da orla de Ipanema.
O trabalho para localizar o piloto acontece com auxílio de helicópteros, mergulhadores e embarcações. Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave estava em situação regular.
Os destroços do avião de pequeno porte serão levados pelos proprietários para investigar o que aconteceu e apresentar ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).
De acordo com o aplicativo Flight Radar, que identifica as rotas dos voos conforme a identificação das aeronaves, o ultraleve teria realizado um voo curto, entre 17h45min e 17h51min, partindo da pista de Fazenda Jacuí, em Eldorado do Sul, e desaparecendo entre a região dos bairros Ponta Grossa e Belém Novo, em Porto Alegre, quando teve uma queda brusca e perdeu o contato com a base.
Correnteza e água escura dificultam buscas
Dois pontos dificultam as buscas submersas, de acordo com o responsável pela operação, capitão do Corpo de Bombeiros Willen Silva: a cor escura da água e a correnteza do Guaíba.
— A água do Guaíba é turva e dificulta muito a visibilidade. Os cinco mergulhadores estão fazendo rodízio, para as buscas não pararem — explica.
A profundidade no perímetro onde os destroços foram encontrados é de 10 metros, considerada “muito alta”, o que exige um mergulho “bem técnico”, avalia o capitão.
Alberto Boff, 67 anos, é dono de um hangar e amigo do piloto desaparecido. Afirma que Petry é experiente, tendo, inclusive, viajado na mesma aeronave, de Florianópolis, capital catarinense, a Ushuaia, extremo sul da Argentina.
— Ele estava em um voo de lazer ontem. Era muito experiente, e um irmão pra mim — diz, com tristeza e temor do que pode ter acontecido.
Os bombeiros mantêm a esperança de encontrar o piloto com vida, e por isso continuam sobrevoos no local. As últimas peças da aeronave encontradas estavam na região conhecida como “Pedra da Baleia”.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos enviou uma nota. Confira a íntegra:
Investigadores do Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V), localizado em Canoas (RS), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), foram acionados para realizar a Ação Inicial da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PU-ERW, nesta segunda-feira (03/10), no Rio Guaíba em Porto Alegre (RS).
Na Ação Inicial são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realizam a coleta e confirmação de dados, a preservação de indícios, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias ao processo de investigação.
O objetivo das investigações realizadas pelo CENIPA é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes.