Moradores da região metropolitana de Porto Alegre puderam observar um espetáculo no céu na tarde desta quinta-feira (23): mesmo sem chuva, um "arco-íris" apareceu nas nuvens. Segundo especialistas, trata-se de nuvem iridescente, um fenômeno óptico que ocorre quando as formações exibem cores vivas e cintilantes, semelhante ao arco-íris. Às vezes em formato de halo ou como uma faixa.
O efeito é o resultado da interação da dos raios solares com as partículas de vapor de água ou cristais de gelo que formam as nuvens. O encontro gera um fenômeno ondulatório, a difração, que ocorre quando a onda é obstruída por um objeto ou passa por uma abertura com dimensões de escalas iguais aos seus comprimentos de onda. A luz contorna estes obstáculos alterando a onda.
O professor Carlos Jung, do observatório Heller & Jung, de Taquara, explica que neste caso a radiação solar (a onda) passa entre as particulas de vapor de água ou gelo (o obstáculo) e se divide em diferentes tamanhos de onda. É a medida do comprimento de uma onda de luz que gera as diferentes cores.
— É semelhante ao efeito que vemos em bolhas de sabão ou manchas de óleo na água — diz o professor.
O desenho que a as cores tomam depende do formato da nuvem. Por isso podem aparecer como um círculo se a nuvem for redonda.
Jung explica que para o fenômeno ocorrer é preciso ter luz solar, ou luz solar refletida pela lua, nuvens com cristais de gelo, e um ângulo de incidência da luz adequado. Pela dificuldade de encontrar todos estes elementos no mesmo local, não o vemos com tanta frequência. O professor inclusive disse ter recebido vários contatos questionando se o facho colorido no céu se tratava de algo extraterrestre.
Mas Jung explica que a difração é o mesmo fenômeno ótico que gera o arco-íris. A diferença é que, em vez da luz projetar nas particulas de vapor de água das nuvens, no arco-íris a luz projeta as cores em uma cortina de gotículas de água da chuva.
*Produção: Camila Mendes