
A professora Rita Rosa comemorou 42 anos há duas semanas. Sem poder promover aglomerações devido à pandemia, reuniu os amigos em um encontro virtual, por meio de uma plataforma que simula uma festa real — com direito a um "espaço nobre", uma cobertura à beira-mar no Rio de Janeiro. De presente, fez um pedido especial: contribuições para a vaquinha que havia criado poucos dias antes.
— Todo ano eu comemoro de alguma forma. Eu adoro, sempre faço festa. Juntei o útil ao agradável e decidi fazer com um viés social — explica.
Os amigos aderiram à iniciativa e doaram R$ 715. Em um primeiro momento, Rita pensou em usar o valor para comprar cestas básicas. Apaixonada por livros, contudo, moldou o projeto final e decidiu que compraria obras infantis para distribuir no Dia das Crianças.
No último dia 12, encheu o porta-malas do carro com 202 publicações e percorreu ruas do bairro Guajuviras, em Canoas, cidade onde reside e trabalha como psicóloga, sua segunda formação.
— Foi demais. Elas chamaram os outros, conheciam já alguns personagens. Foi uma festa — relembra.
Na comunidade, com um alto índice de vulnerabilidade social, ela diz ter visto crianças pequenas e até alguns adolescentes interessados nas histórias por ela compartilhadas.
Os presentes foram adquiridos no comércio local, em diversas livrarias do município. Para atender a um maior número de crianças, escolheu obras que partiram de R$ 1,50, a no máximo R$ 10 — todos novos, garante.
— Eu imagino elas folheando, lendo e pegando um novo livro em seguida. No dia, eu vi isso, elas super interessadas e combinando de fazer a troca depois.
A educadora enumera outras ações que pretende fazer, todas com a leitura como objetivo principal. Ao citar o escritor Rubem Alves, diz ser possível ensinar os estudantes a encarar as publicações de maneira distinta:
— Rubem Alves diz que o livro é um brinquedo com letras. E é isso, mostrar que é legal contar e se divertir com aquela história.
Confira a entrevista à Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (15):