Isolados. Assim estão os moradores e comerciantes que vivem na “área restrita” das obras do viaduto da RS-040 sobre a RS-118, em Viamão. Desde junho do ano passado, quando foi assinada a ordem de início dos trabalhos, a vida de quem circula pela região foi alterada. Atualmente, com um trecho – onde o viaduto está sendo erguido – totalmente interrompido, a RS-040 está com desvios em ambos sentidos. E em alguns pontos, o acesso é somente local. Ou seja, o público que normalmente circulava por ali sumiu.
Nestes locais onde a circulação é restrita, a calmaria no asfalto nem de perto lembra o movimento intenso da RS-040, ainda mais em dias de verão, quando congestionamentos se formam na rodovia. A construção do viaduto, aliás, pretende dar mais fluidez à via, terminando com o cruzamento entre ela e a RS-118.
A previsão inicial da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) era de que o trecho fosse concluído em julho deste ano. Entretanto, faltando um mês para o fim do prazo, a transformação do canteiro de obras em uma pista ainda parece distante, fato que preocupa quem já está sentindo no bolso o prejuízo gerado pela construção.
– Esse bloqueio na pista nos isolou. Alguns clientes não sabem que podem entrar aqui nessa parte da via, é uma bagunça – conta a comerciante Fabiane Meireles, 33 anos.
A empresária trabalha com venda de telhas e tijolos. Atualmente, conta com a fidelidade da clientela, já que a loja tem 20 anos. Isso porque clientes novos são raros, em razão da circulação mínima no local. No sentido Capital/Litoral, o comércio de Fabiane é o mais próximo da cratera aberta para instalação de galeria de concreto que passará sob a pista.
– A gente está aguentando no osso, como dizem – desabafa ela.
Prejuízo
Do outro lado da cratera, no sentido Litoral/Capital, as alterações na rotina também incomodam. Para Nair Copatti Paulino, 50 anos, a baixa no movimento ameaça a continuidade de sua floricultura:
– Não entra ninguém aqui, mas as contas estão empilhando. Ainda não consegui pagar o aluguel, está bem difícil – relata ela.
Nair diz que em períodos de chuva na região, chega a ficar o dia todo sem receber sequer um cliente. Perto dali, a empresária Fátima da Rosa, 47 anos, aponta as mudanças que precisou adotar no negócio depois das obras. Ela trabalha com a venda de postes de madeira.
– Tive de tirar o depósito daqui e levar para a minha casa. Também precisei diminuir o meu terreno e abrir uma passagem para conseguir manobrar os caminhões. A baixa no movimento ainda nos fez dispensar dois motoristas, porque não estávamos dando conta de custear tudo – explica Fátima.
Apesar saberem sobre previsão de término da obra, nenhum dos moradores ouvidos na região acredita que o prazo será cumprido.
– Eu espero que, pelo menos, não troque a empresa. Se fica parado, demora ainda mais – deseja Fátima.
Cronograma está sendo reavaliado, diz EGR
Por meio de nota, a EGR diz que apesar de as obras “apresentarem bom ritmo e sem paralisações, o prazo de conclusão na metade deste ano não será cumprido”. Isso porque “houve prejuízo em função do período de chuva ininterrupta das últimas semanas”. Assim, o cronograma está sendo reavaliado.
A estatal informa que já foram concluídas as fundações do segundo lado do viaduto. Agora, serão colocados os pilares deste segundo lado. Também estão em execução a obra do muro de contenção da rua lateral no sentido Capital/Litoral, a galeria sob a pista e o muro de terra armada do viaduto, em ambos os lados. Depois disso, ainda serão necessárias “a execução das vigas, da laje do viaduto em si e a conclusão dos encontros em ambos os lados, assim como as ruas laterais”.
Mesmo que o número de etapas a ser cumprido pareça extenso, a EGR garante que já foram concluídas as etapas mais complexas e que as próximas etapas são mais simples e exigem menos tempo para serem concluídas”.