O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) autorizou, na terça-feira, o consórcio responsável pela construção da nova ponte do Guaíba a retomar os trabalhos no Canal Furado Grande, informou o colunista de GaúchaZH Jocimar Farina. É nesse trecho de 200 metros que fica a travessia que teria sido construída em altura inferior à exigida por normas técnicas, conforme publicação de reportagem em 30 de maio. A liberação de atividades no local não envolve a altura da estrutura, que ainda está indefinida. Entenda a polêmica relacionada ao projeto.
O questionamento da altura
A empresa Ecoplan Engenharia, contratada para fazer a supervisão da construção da ponte do Guaíba, informou ao Dnit em 29 de março que a altura da ponte deveria ser de 4m10cm no trecho de 200 metros sobre o Canal Furado Grande, mas está em 3m66cm, abaixo do que determinaria o Manual de Hidrologia Básica para Estruturas de Drenagem do próprio órgão federal. Como regra, o documento diz que uma ponte só pode ser erguida se respeitar a cota de cheia (quando o nível do rio atinge sua altura máxima histórica). Para tanto, é necessário prever um metro acima desse valor máximo. O Dnit determinou a interrupção dos trabalhos no trecho em 2 de abril. Quando a informação foi divulgada, o órgão garantiu que “não existe possibilidade de a água atingir a pista”. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que não via motivos para refazer o trecho ou que gerassem elevação de custos.
A resposta das construtoras
Após o relatório da Ecoplan, o consórcio Ponte do Guaíba, formado pelas empresas Queiroz Galvão e EGT Engenharia, informou ao Dnit, em 18 de abril, que seis estudos diferentes, com níveis divergentes, para a máxima do Guaíba foram usados na elaboração do projeto. São citados um estudo de uma empresa alemã; outro desenvolvido no anteprojeto da obra pela Engevix; um terceiro apresentado no 13° Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos de Germano e Meneses; o próprio levantamento que embasou a licitação; um quinto que foi feito pela Queiroz Galvão e EGT; e, o último, da prefeitura de Porto Alegre, que embasou o projeto do reassentamento nas ilhas — este último que determinou a altura atual da ponte. O estudo que foi usado na concorrência pública previa a ponte a 4m10cm — e não os 3m66cm — e é chamado pelo consórcio como o mais "pessimista".
O pedido para retomar as obras
O consórcio pediu ao Dnit, em 29 de maio (antes da revelação da polêmica sobre a altura de trecho da ponte), que as obras sejam retomadas no trecho da elevada que não recebe operários há dois meses. A solicitação refere-se a colocação de transversinas. As empresas reafirmaram que a construção — 44 centímetros mais baixa do que o exigido na licitação — foi corretamente detalhada e desenvolvida. O consórcio afirma que ainda há serviços a serem feitos mesmo que, no futuro, o Dnit decida por elevar essa parte da ponte. A autorização neste momento evitaria atrasos. No documento, as construtoras reconhecem que o Dnit "tem manifestado interesse em modificar a cota atual do trecho".
A autorização do Dnit
No fim da tarde de terça-feira, a Superintendência do Dnit no Rio Grande do Sul autorizou o recomeço dos trabalhos no trecho da ponte. No texto de duas linhas, é informado apenas a liberação para a "execução das transversinas", sem qualquer referência à questão da altura da estrutura.
A garantia do ministro
Também na terça-feira, em Brasília, o ministro da Infraestrutura afirmou que o Dnit não deve realizar mudanças no projeto. Segundo Tarcísio de Freitas, as medidas que estão no manual do órgão não são obrigatórias, mas sugestões. Declarou que não há risco de alagamento da ponte ou de comprometimento estrutural.
A decisão final
A definição sobre a necessidade ou não de erguer o trecho de 200 metros da ponte do Guaíba é responsabilidade do Dnit, que, até o momento, não se manifestou sobre qual deve ser o procedimento, nem anunciou um prazo para a decisão.