Moradores retirados de um imóvel da prefeitura nesta sexta-feira (7), em Porto Alegre, seguem acampados na noite deste sábado (8) em frente ao local, na Rua Baroneza do Gravataí, bairro Menino Deus. A reintegração de posse foi realizada, segundo a prefeitura, pelo risco de desabamento do prédio devido a um incêndio ocorrido antes de as famílias se mudarem para o local, no final de março.
As famílias da Ocupação Baronesa que permanecem em frente à construção não aceitam a oferta da prefeitura para serem realocadas em abrigos separados para homens e mulheres e reivindicam voltar a morar no imóvel, que foi lacrado. O vigia Fábio Polycarpo, 39 anos, que está acampado com a mulher e cinco filhos, afirma:
— Passamos a noite (de sexta para sábado) aqui e não vamos sair até o poder público nos deixar voltar para dentro. Consegui dormir porque a Guarda Municipal está aqui, se revezando, e nos deu segurança.
Os moradores também receberam da prefeitura a oferta de auxílio-moradia, mas reclamam que o benefício não representa uma solução definitiva. A estudante do curso de Saúde Coletiva da UFRGS Alice de Oliveira Martins, 37 anos, que está acampada com o filho Gabriel, cinco anos, observa:
— O auxílio-moradia é um benefício assistencial de passagem para pessoas em situação vulnerável. Não estamos em situação vulnerável. Estávamos sob nosso teto, nossa casa, protegidos.
Advogado que presta assessoria jurídica para o coletivo, Felisberto Seabra Luisi diz que o gesto de permanecer no local representa um ato de "resistência" dos moradores:
— É uma forma de protestar contra a maneira como o poder público trata essas pessoas. Elas querem uma definição de moradia.
A secretária de Desenvolvimento Social e Esporte da prefeitura, Comandante Nádia, afirma não ser possível habitar o imóvel porque há perigo de desabamento e que uma empresa será contratada para a demolição do prédio. Ela reitera a oferta de auxílio-moradia, cuja primeira parcela é depositada dentro de 30 dias, e albergue:
— Duas famílias (da sete famílias e três homens da Ocupação Baronesa) aceitaram o auxílio-moradia, um repasse para que possam morar em um imóvel por até um ano e se organizar. Também foi oportunizado albergue, inclusive hoje (8) pela tarde vagou um albergue familiar que ofertamos para o Fábio (Polycarpo), e ele não aceitou.