A chuva que caiu sobre Porto Alegre neste sábado (6) não impediu que um grupo de amantes da boa mesa se reunissem no Parque da Redenção para uma aula sobre comida sustentável e gastronomia regional. Uma das expoentes do movimento slow food, a ecochef Teresa Corção mostrou como faz do seu restaurante, O Navegador, no centro do Rio de Janeiro, um dos modelos de cozinha devotada à diversidade e ao sabor de uma culinária natural por essência.
Finalista do Basque Culinary World Prize em 2016, considerado o prêmio Nobel para chefs de todo o mundo, Teresa levou o público a um passeio pela comida amazônica, apresentando farinhas, temperos e peixes originários da região. Enquanto preparava um cuscuz de farinha d'água, tucupi e leite de castanhas, com legumes assados e pirarucu no azeite extra-virgem, ela contou a história dos ingredientes e segredos do preparação dos pratos.
— A comida é a energia mais importante a ser cuidada. Comida é cultura, afeto e memória — disse Teresa.
Ao salientar a importância de valorização dos produtores, a chef mostrou as descobertas que fez na feira orgânica da Redenção, pela manhã. Teresa se encantou por um maço de marcela, um pacote de arroz negro vermelho e flores comestíveis, fazendo questão de divulgar o nome de cada produtor.
— Hoje há uma supervalorização do chef e uma subvalorização do agricultor e da dona de casa. As receitas regionais estão todas dentro das casas, com as mulheres. Mas vivemos um tempo em que os chefs viraram celebridades. Antes, as cozinheiras ficavam de costas. O importante era a comida — concluiu.