Uma operação que envolveu diversas secretarias da Prefeitura de Porto Alegre na manhã deste sábado removeu móveis, eletrodomésticos, papelão e caixotes de madeira de moradores de rua que haviam se instalado ao longo do Arroio Dilúvio. Pelo menos 35 pessoas que lá permaneciam tiveram objetos recolhidos. A ação também retirou colchões, papelão e caixas de madeira de pessoas que viviam escoradas no prédio do Hospital Pronto Socorro, no bairro Bom Fim.
—A ação foi planejada ao longo das duas últimas semanas. Equipes da Fasc fizeram abordagens nos últimos dias para oferecer a essas pessoas o aluguel social, mas apenas duas aceitaram — explica a secretária municipal de Desenvolvimento Social e Esporte, Nádia Gerhard.
A remoção decorre do risco para a própria segurança dos moradores de rua, uma vez que havia risco de deslizamento do barranco do arroio em razão das recentes chuvas. A ação envolveu equipes da Guarda Municipal, Defesa Civil, DMLU, Secretaria da Saúde e de Serviços Urbanos e a Brigada Militar. O Centro Integrado de Comando de Porto Alegre (CEIC) irá monitorar a região para evitar que moradores de rua voltem a acampar no local.
—As pessoas têm liberdade de ir e vir onde quiserem, mas não podem fazer da via pública uma casa, com móveis e entulho — afirma Nádia.
No Pronto Socorro, um grupo de mendigos havia se instalado rente ao prédio na rua Venâncio Aires. Moradores da região dizem que eles consumiam drogas e urinavam ao redor do hospital. Alguns agentes que participaram da remoção disseram que o ambiente estava se tornando insalubre, inclusive com concentração de cachorros e ratos. Moradora do bairro, Cecília Araújo dos Santos, aposentada de 67 anos, diz que diariamente passa em frente ao hospital e ficava assustada com a degradação do local.
—Ainda bem que tiraram o pessoal daí. Ninguém pode viver nessas condições, e a vizinhança também não aguenta — desabafou.
Embora os materiais tenham sido recolhidos, as pessoas não foram conduzidas para albergues ou demais centros de apoio, uma vez que rejeitaram esta possibilidade, explica a secretária Nádia. A promessa da prefeitura é intensificar as ações de identificação dos moradores de rua e encaminhamento a programas de capacitação, na tentativa de dar um destino mais digno à população de rua de Porto Alegre.