Depois de 15 dias liberada para o trânsito, a duplicação da RS-118 na altura do km 10, que corta o bairro Jardim Betânia, em Cachoeirinha, deverá ser parcialmente fechada. Neste intervalo, há relatos de ao menos três atropelamentos. Moradores da comunidade têm corrido risco, cruzando as faixas em meio aos carros e caminhões.
A medida foi tomada após reunião, na tarde de ontem, entre a Secretaria de Transportes do Estado, o Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) e a prefeitura de Cachoeirinha. Foi acordado que a faixa da direita, no sentido Sapucaia do Sul _ Gravataí, será interditada por ora. Também foi combinado que a prefeitura fará a solicitação para o Daer para a colocação de sinaleiras nas faixas centrais da via.
– São oito pistas que os pedestres precisam atravessar. Sendo que as do meio são de alta velocidade – diz o secretário Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos de Cachoeirinha, Brinaldo Mesquita.
A família do secretário vive no bairro, parte de um lado, e parte do outro lado da via. Depois da abertura das faixas do meio, a irmã de Brinaldo foi atropelada, sofrendo escoriações leves.
"Corredor da morte"
As faixas laterais contam com sinaleiras colocadas pela prefeitura de Cachoeirinha, porém, nem sempre respeitadas pelos motoristas, conforme a reportagem pôde conferir na manhã de ontem. O local também possui uma faixa de segurança improvisada, mas que parece ser invisível aos olhos de quem dirige. O trecho foi apelidado de "corredor da morte" pelos moradores da comunidade.
– As pessoas estão correndo risco. Simplesmente esqueceram da comunidade – reclama o comerciante Eduardo Vargas, 32 anos.
Os moradores clamam por uma passarela e, desde o final de semana, têm feito protestos e fechado a estrada.
A Secretaria dos Transportes informa que a licitação para o projeto das seis passarelas da RS-118 já está concluída, e a empresa responsável, contratada. Com o projeto pronto, a obra será licitada, mas não foram informados prazos.
Perigo para os estudantes
A situação se agrava em horários de saída da Escola Municipal Alzira Silveira Araújo, quando cerca de 90 crianças precisam cruzar a faixa para voltar para casa.
Simone de Oliveira Trindade, 28 anos, precisa se revezar com os familiares para buscar o filho de 11 anos na escola. Antes da abertura das faixas do meio, o menino voltava sozinho para casa.
– Ficou muito perigoso. Tenho que levar e trazer para ele não cruzar sozinho – conta Simone.
Clair Desner, 39 anos, busca os filhos e a prima.
– É um perigo só. Pego as crianças porque tenho medo de deixar eles cruzarem sozinhos – diz Clair.
Dinorá Fonseca, 49 anos, cruza diariamente para buscar os netos na escola. Na segunda-feira, a dona de casa relata que quase foi atropelada por um caminhão:
– Eu estava passando com meu neto no colo, e um caminhão quase nos atropelou. Ele cruzou o sinal vermelho. Não respeitam. É muito perigoso, tenho muito medo de cruzar. Principalmente com as crianças.