A derrubada, por parte da Câmara Municipal, de todos os vetos propostos pelo prefeito Nelson Marchezan (PSDB) na Lei dos Táxis continua gerando contrariedade. Além da divergência entre o governo municipal e a Câmara em relação às mudanças, há também preocupação entre representantes da própria categoria.
Enquanto a solução não sai, um grupo de mulheres taxistas pediu uma reunião com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC ) na noite de quarta-feira, para se posicionar sobre os vetos. Taxista há 11 anos, Andréia Aparecida Ribeiro Terres acompanha os desdobramentos de perto e luta, junto de outras colegas, pela proibição do trabalho de motoristas com antecedentes.
— Na conversa com passageiros, as mulheres, principalmente, expõem esse medo. Até hoje, a gente podia explicar que não tinham mais essas pessoas (com antecedentes) nos táxis, que está ficando mais seguro. Mas agora, se isso passar, não temos como argumentar isso. É um retrocesso — defende.
Anteriormente, o presidente do Sindicato dos Taxistas, Luiz Nozari, já havia afirmado que ficou surpreso com a derrubada de todos os vetos e que a categoria está dividida. Sobre a liberação de trabalho para quem tem antecedentes por crimes contra a mulher, ele disse que a categoria é contrária.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o diretor-presidente da EPTC, Marcelo Soletti, afirmou que o órgão vem sendo procurado por outros taxistas contrários às mudanças.
A confusão começou na quinta-feira (12) quando, em meio à pressão para a votação do pacote de projetos enviado em regime de urgência por Marchezan, os vereadores analisaram todos os vetos do prefeito à Lei dos Táxis em bloco. Assim, taxistas com antecedentes criminais poderiam retirar e renovar o "carteirão", documento que autoriza o condutor a prestar o serviço, como foi divulgado após a sessão pela assessoria de imprensa da Câmara.
No dia seguinte, porém, a casa divulgou uma correção: apenas o autorizatário (pessoa que é dona da placa) pode ter antecedentes criminais apenas se não conduzir o veículo. Já os motoristas contratados para o serviço precisam ter ficha limpa.Para Soletti, ao vetar a liberação do carteirão para pessoas com ficha criminal, o objetivo da prefeitura era tornar o serviço de táxi um exemplo no país e até no exterior.
— A derrubada do veto não foi avaliada da forma como deveria ter sido. Agora, a gente está com esse prejuízo e teremos que buscar uma forma de resolver essa situação.
Solução vai demorar
Presidente da comissão responsável por elaborar o texto final com as mudanças da Lei dos Táxis, o vereador Thiago Duarte garantiu que crimes como lesão corporal, posse e comercialização de armas de fogo e munição e violência doméstica e familiar contra a mulher irão continuar na lista de impeditivos para taxistas na capital.O texto final e aprovado pelos parlamentares deve ser lido apenas no dia 7 de agosto, após o fim do recesso no Legislativo.