Presidente da Associação Internacional de Parques Científicos e Tecnológicos, o espanhol Josep Piquè deve prestar consultoria para a implantação do "pacto pela inovação" em Porto Alegre. Presente no ato de assinatura, ele conversou com Zero Hora sobre os resultados esperados com a Aliança para a Inovação de Porto Alegre — assinada nesta segunda-feira entre UFRGS, PUCRS e Unisinos.
Qual a relação entre parques científicos e tecnológicos e a vida urbana de uma cidade? Em que o fortalecimento da inovação da cidade afeta os habitantes?
Os parques científicos e tecnológicos até agora eram parques intramuros, que estavam dando respostas a desafios de empresas e da comunidade universitária. Estamos tendo agora dois olhares: os parques passam a ter um poder de transformação econômica, mas também social. Eles vão para fora, não para transformar apenas a economia, mas também para transformar a sociedade. Nesse sentido, as cidades que têm parques vão poder desenvolver essas questões. E de parte da economia global, dá a oportunidade que os parques se conectem com os outros parques do mundo. Eles não são apenas coordenadores do ecossistema local de inovação, mas são também conectores de ecossistema global.
Quais cidades tiveram um projeto semelhante ao de Porto Alegre? Que lições serão utilizadas por aqui?
Tem exemplos (dos quais Piquè participou) como o de Barcelona, que foi capital europeia de inovação, e Medellín, na Colômbia. Tem ainda casos de cidades como Recife, que teve um exercício muito bom com relação a transformação de um distrito de inovação. A primeira lição é trabalhar conjuntamente, com aliança de universidades, empresas e administração. Essa aliança deve servir para alinhar as capacidades e para formular uma visão conjunta. A segunda lição é um conjunto de ações urbanísticas, ambientais, econômicas e sociais. Isso permite o desenvolvimento de um ecossistema inovador.
O modelo de ecossistema de inovação que você costuma citar diz ser importante haver elementos para a inspiração dos participantes. O que leva à inspiração?
O fator mais importante é a imaginação, que é a capacidade de vislumbrar um futuro diferente com base nas capacidades que temos com base nas oportunidades que estamos vendo.
Por que é importante ter startups nos parques?
Porque as startups são os novos mecanismos de transferência de conhecimento da universidade para aquele entorno. É o melhor mecanismo para transferir tecnologia àquela sociedade e, às vezes, o mecanismo que melhor se absorve por parte das grandes corporações.
O que Porto Alegre poderá ver, na prática?
Um exemplo prático é que Porto Alegre pode ser uma referência mundial em um âmbito, alguma temática, que a aliança decida. O outro elemento importante são as ações coletivas, trabalhar de forma conjunta para ter ações muito diretas.