
Uma aniversariante de Cachoeirinha surpreendeu seus convidados ao chegar à festa de 15 anos de ambulância. Mas, ao contrário do que pode parecer, Julia Mendes Echert não estava passando mal. Por alguns minutos, em uma surpresa preparada pela família, esteve mais próxima da carreira que pretende seguir: a de médica.
A caminho da festa, realizada no sábado (2) em Gravataí, o avô alertou que o carro estava com problemas e estacionou o veículo em frente à sede do Corpo de Bombeiros de Cachoeirinha. A desculpa era de que pediria ajuda. Foi aí que surgiu Michel Elias da Silva, coordenador operacional do Grupo de Resgate e Apoio Voluntário de Emergência (Grave), uma ONG que funciona dentro do quartel. Silva explicou a Julia que não poderia levá-la à festa, mas que apresentaria a estrutura do grupo.
— Ele me mostrou tudo lá dentro. Quando eu estava dentro da ambulância, conhecendo como funcionava, começou a disparar uma sirene. Fingiram que tinha uma ocorrência, desci correndo. Então, ele me falou que a ocorrência era comigo, que iam me levar para a festa. Foi muita emoção — conta a adolescente.
Silva relata que a ambulância, escoltada por um caminhão do Corpo de Bombeiros, andou com as sirenes desligadas para não atrapalhar o trânsito. Ao chegar à esquina do salão, o sinal foi ligado, surpreendendo os convidados.

— Ela dizia há seis meses que o sonho dela era entrar na festa de ambulância. Fiz contato com várias ambulâncias, fui em tudo que é lugar. Aí, me indicaram ir no Grave. Eles ficaram meio assustados, disseram: "Como assim ambulância? Ninguém quer entrar em uma ambulância". Contei um pouco da história de vida dela, que ela sonhava em ser médica, os motivos de ela ter escolhido a medicina, e eles se emocionaram — diz Alessandra Ramos Mendes, mãe de Julia.
Silva afirma que pensou em recusar o pedido, mas ficou sensibilizado:
— A mãe explicou que ela havia perdido uma tia que tinha problemas cardíacos, com quem ela era muito próxima, e sofreu demais com isso. Ela começou a se preparar, ler, estudar e tem o sonho de ser médica cardiologista. Aí eu vi que a menina tinha realmente o sonho de estar entre uma equipe de emergência.

Além de levá-la na ambulância, Silva e seus colegas homenagearam Julia com a leitura de um texto e entregaram uma camiseta do Grave.
— Foi uma emoção enorme. O fascínio da Julia é tão grande que ela pediu que os presentes fossem todos ligados à medicina, como corrente, camiseta, caneca — acrescenta Alessandra.
Julia diz ter fascínio pela profissão:
— Gosto da adrenalina, acho bonita e gosto muito de sangue.