Encontrar um lar não é tarefa fácil. Mas, para o artista plástico Renato Garcia dos Santos, 52 anos, a busca pela moradia ideal incluiu, ainda, pensar em como acomodar a esposa, três filhas, dois aquários, duas calopsitas, dois cães e um gato, mais uma penca de instrumentos musicais, em um espaço confortável para todos.
– Um apartamento era inviável. Quando começamos a procurar casas, pelo valor, identificamos que no Centro estavam as mais acessíveis – lembra.
Então professor da Unijuí, no noroeste do Estado, Renato e a esposa resolveram retornar a Porto Alegre no começo dos anos 2000. Foi enquanto procurava por outro imóvel no Centro Histórico que deparou com a casa de dois pavimentos na Rua General Auto, entre as ruas Duque de Caxias e Fernando Machado. Do local, contatou o corretor de imóveis, que o levou para uma visita no mesmo dia. Os cômodos espaçosos chamaram a atenção, e o pátio, nos fundos, deu a certeza: tinha achado o lugar certo para viver com a família.
O prédio antigo – alguns documentos indicam que a construção data do fim do século 19 – exigiu paciência e, mais tarde, diversas intervenções. Além de múltiplas infiltrações, o acesso à parte de cima da casa só era possível pelo lado de fora.
– Estava em condições muito precárias. Tínhamos 10 bacias com lugar marcado dentro de casa cada vez que chovia – lembra.
Instrutor de artes do Atelier Livre, vinculado à prefeitura, soube do Monumenta por meio dos colegas. Providenciou um projeto que resolvia o problema das infiltrações e melhorava o aspecto da fachada, e participou do edital de seleção. O imóvel, que não consta no inventário do município, encaixou-se por ser considerado de "interesse histórico" – segundo o PAC Cidades Históricas, há um pedido aberto para que seja incluído no inventário municipal.
Com a casa restaurada, preservou mais de que um prédio antigo – do qual tudo que sabe é que, no passado, abrigou uma creche de nome "engraçadíssimo", conforme Renato: Besourinhos Dourados. A atmosfera da vida no interior, com pátio, árvores frutíferas, e uma vizinhança que ainda se anima a tomar chimarrão na calçada, também persiste.
A boa relação com os vizinhos permitiu, ainda, que a família continuasse investindo nos hobbies musicais. Ao contrabaixo da esposa, ao violoncelo, ao violino e à bateria das filhas, somou-se um piano.
– Todos se conhecem, e a relação é bacana. Fica mais fácil de resolver os problemas. Quando dá vontade, dá para tocar sem incomodar ninguém. Imagina espancar uma bateria dentro de um apartamento? – sorri.
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