A falta de queixas registradas dificulta o combate a irregularidades envolvendo flanelinhas em Porto Alegre. Essa é a percepção da Brigada Militar (BM), a quem cabe fiscalizar o serviço de guardadores de carros na Capital.
Mesmo permanecendo dentro dos veículos durante a partida entre Grêmio e Corinthians, dois motoristas sentiram-se obrigados a pagar R$ 50 para estacionar cada ônibus no bairro Humaitá e foram assaltados neste domingo (14). Os pertences dos passageiros foram levados durante o crime, que ocorreu na Avenida José Pedro Boéssio.
"Os flanelinhas usavam os jalecos e não nos entregaram tíquetes. Nos sentimos ameaçados se não pagássemos e já tive colega que teve que pintar o ônibus porque riscaram a lataria quando ele não pagou. Se pagamos, também não dá para ficar tranquilo porque não temos garantia alguma", contou um dos condutores.
O comandante do policiamento da Capital, tenente-coronel Mário Ikeda, afirma que a fiscalização se dá, principalmente, a partir de queixas, mas são poucas pessoas que se registram como vítimas de situações envolvendo flanelinhas. Além disso, Ikeda comenta que a consequência é leve e não impede a reincidência após casos que são flagrados e registrados.
Quando é constatado que uma pessoa não cadastrada atua como guardador de carro, a BM encaminha o caso para que seja lavrado um termo circunstanciado por exercício ilegal da profissão.
Desde 2011, Porto Alegre tem lei que regra o trabalho e exige o uso de uniforme e crachá, além da entrega de tíquetes. O pagamento aos guardadores é espontâneo.
Uma guardadora do Centro da cidade, que prefere não se identificar, explica que não oferece o comprovante pelo fato de que os próprios guardadores precisam comprar o material, que é descartado imediatamente pelos motoristas.
Segundo a secretária municipal do Trabalho e Emprego, Ângela Oetinger, cerca de 150 guardadores estão cadastrados atualmente junto à prefeitura. Ela diz ainda que cursos para aprimoramento de conduta estão em fase de preparação para serem oferecidos aos trabalhadores.