"Nos últimos anos, as ditas minorias, que nós sabemos que são maiorias – como o movimento negro e o movimento de mulheres - conseguiram assegurar os seus direitos: o direito de participar das decisões do país. Se um governo não leva em consideração essas conquistas, a gente percebe que tem um problema, inclusive de matemática. Porque nós sabemos o quanto a representatividade é importante, inclusive para pensar em políticas públicas.
Nada melhor do que mulheres para pensar em políticas destinadas às mulheres. Nada melhor do que representantes do movimento negro para falar de políticas do movimento negro, da inserção da população negra em alguns espaços que sabemos que, devido ao racismo, sempre nos foram negados. Isso não quer dizer que homens não possam falar sobre a luta das mulheres, nem que outras pessoas brancas não possam dialogar. Mas é importante assegurar esses espaços e manter a representatividade, porque não é só uma palavra de efeito, é algo que muda e transforma vidas.
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Quando você mostra a uma criança negra que ela pode chegar à presidência da República, a um ministério, ou ocupar a presidência do STF,
isso pode fazer com que aquele menino tenha sonhos maiores. As mulheres também. Porque as pessoas têm esse hábito de associar a figura feminina a políticas assistencialistas. Temos de ter mulheres que cuidem da economia do país, temos capacidade para isso.
Independentemente da questão ideológica, a gente tem que compreender o quanto isso é importante. Não é bobagem. Não basta ser mulher, claro. Mas é importante que as mulheres ocupem esses espaços, porque isso transforma vidas."