A Praça Marechal Deodoro, carinhosamente chamada de Praça da Matriz, assistiu de camarote à evolução de Porto Alegre – o ajardinamento, com a plantação de 20 mudas de oliveira trazidas de Portugal, começou nos anos 1880, mas a primeira referência da área data de 1753. No coração do Centro Histórico, a área é cercada pelo Palácio Piratini, Assembleia Legislativa e Palácio da Justiça, além da Catedral Metropolitana, do Theatro São Pedro e do Museu Júlio de Castilhos.
A importância da praça, que foi e ainda é palco de manifestações, é inquestionável – mas a atenção dada a ela não.
– Hoje ela está abandonada, está entregue ao deus dará – reclama o professor Isacc Sprinz, 80 anos.
Leia também:
Corredores BRT de Porto Alegre se distanciam da proposta original
Vereadores rejeitam projeto para construção de parklets
Contrato da obra no corredor de ônibus da Avenida João Pessoa será cancelado
Lixo jogado nas folhagens e arbustos, que parecem não ser aparados há muito tempo, banco quebrado, lixeiras arrancadas e o Monumento a Julio de Castilhos pichado são alguns dos problemas constatados pelo ZH Pelas Ruas. Uma árvore de grandes proporções que caiu próximo à Rua Jerônimo Coelho permaneceu ali até na sexta-feira, quando foi retirada – os moradores dizem que ela tombou na tempestade de janeiro. Os frequentadores se queixam do calçamento irregular, por vezes com buracos, e da sensação de insegurança no local, também em função da concentração de moradores de rua.
– Não se pode mais trazer os filhos para essa pracinha. Para ser a praça dos três poderes, ela está jogada ao lixo – sentencia a dona de casa Sirlei Barreto, 56 anos.
William Fekete, 25, segurança, leva os filhos para brincar na pracinha de duas a três vezes por semana. Destaca que, apesar de ser uma "praça bonita", precisa de melhorias, a começar pelos brinquedos. Alguns deles, ele considera inseguros.
Sprinz, que mora perto da praça há cerca de 40 anos, mas antes disso já frequentava o logradouro para namorar, conta, saudosista, que já viu uma Praça da Matriz florida. Ele se queixa da iluminação: diz que não é incomum a praça ficar alguns dias no breu, como ocorreu no final de abril.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente afirma que está prevista, para este ano, a revitalização da Praça da Matriz e seu entorno. A execução do projeto deve durar 12 meses e faz parte do PAC Cidades Históricas, que é gerido pela Secretaria Municipal da Cultura. Estão previstas melhorias na iluminação, calçadas e mobiliário. Também está nos planos a remoção do asfalto nas ruas do entorno, retornando aos característicos paralelepípedos da região central. Ainda de acordo com a pasta, a restauração da escultura a Júlio de Castilhos será feita em um outro processo, por se tratar de monumento.
O tenente coronel Marcus Vinícius de Oliveira, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, afirma que sempre há dois policiais em frente ao palácio, 24 horas por dia, e outro durante o dia na praça. Ele afirma que os policiais identificam os moradores de rua, abordando-os para checar se não possuem algum tipo de arma, e orientam os frequentadores incomodados a contatar órgãos de assistência da prefeitura.