
A Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) decidiu não participar do processo que selecionou a instituição responsável por realizar o censo dos moradores de rua da Capital por considerar que o prazo era curto demais, e os recursos, escassos. O orçamento para a realização do trabalho ficou em R$ 300 mil.
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De acordo com Jane Cruz Prates, doutora em serviço social e coordenadora do programa de pós-graduação em serviço social, a universidade sequer apresentou uma proposta à Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc):
– Eles mandaram esse edital para nós. Avaliamos e achamos que não era viável fazer, pelos recursos e pelo prazo. Não é uma pesquisa simples de realizar, até por essas pessoas não terem domicílio fixo. Tem de identificar, tem voltar no local. O processo foi bem estruturado, mas ele tem pressa, então achamos temeroso – explica.
Em entrevista a Zero Hora, Marta Borba, diretora-técnica da Fasc, havia dito que a carta-convite para participação no processo havia sido encaminhada em julho, e que PUCRS e UFRGS participaram, tendo saído vencedora a universidade pública. Depois de ouvir Jane, ZH questionou a Fasc sobre a suposta participação da PUCRS. Por meio da assessoria de imprensa da fundação, Marta afirmou que tinha se confundido e que o certame que contou com a participação da instituição privada foi o de 2011.
De acordo com Jane Cruz Prates, a equipe da PUCRS realizou com a prefeitura, em 1995 e 2000, os dois únicos levantamentos que poderiam ser chamados de censo. Na avaliação dela, os demais trabalhos ocorreram por amostragem.
– Tu ter uma pessoa dormindo na rua não significa que ela é moradora de rua. Pode ser alguém que tomou um trago e está ali. Na primeira pesquisa, em 1995, primeiro deu o dobro do que realmente era a população de rua. Daí fomos analisar no contato direto e vimos que muitos usavam a rua como espaço de sobrevivência, mas depois iam para casa. Por isso, não basta contar as pessoas. Tem de ouvir a história – defende.
ZH pediu que a Fasc se posicionasse em relação às afirmações da professora da PUCRS. A assessoria de comunicação do órgão municipal informou que Marta Borba não tinha nada a acrescentar em relação à entrevista concedida originalmente.