O sistema que combina GPS e botão de pânico ainda não está em pleno funcionamento nos táxis de Porto Alegre, mesmo passado mais de um ano desde o início da implantação, mas revela um peso significativo no bolso dos usuários.
O horário de cobrança da bandeira 2 foi antecipado, em fevereiro do ano passado, sob a justificativa de financiar a instalação dos aparelhos nos veículos e melhorar a qualidade do transporte na Capital. Uma estimativa da própria EPTC indica que os clientes vêm pagando pelo menos três vezes mais do que o custo do serviço de monitoramento e de socorro eletrônico.
"A intenção também é incentivar os taxistas a trabalhar", diz diretor-presidente da EPTC
O período de cobrança diferenciada foi antecipado das 22h para as 20h, durante a semana, e para as 15h, aos sábados – o que representa um acréscimo de 17 horas de corridas 30% mais caras por semana. Para se ter uma ideia do impacto dessa alteração, se toda a frota de 3,9 mil táxis da Capital operasse durante essas horas excedentes fazendo um número mínimo de viagens, o dinheiro a mais pago pelos clientes chegaria a cerca de R$ 20 milhões desde fevereiro até hoje.
Essa projeção se baseia no estudo técnico feito pela EPTC para garantir que a antecipação do horário seria suficiente para cobrir o pagamento mensal obrigatório, devido pelos taxistas, para contar com o sistema de rastreamento. Atualmente, a mensalidade está em R$ 79,22. Na estimativa mais conservadora da prefeitura – pela qual cada veículo faz duas corridas por dia da semana e seis aos sábados nos períodos ampliados de bandeira 2, em viagens com média de seis quilômetros –, o ganho excedente com a mudança fica em R$ 3.031 por ano para cada táxi da cidade. Isso é cerca de três vezes mais do que o custo do GPS, que soma R$ 950 por veículo no mesmo período. No cenário de maior impacto – pelo qual o taxista faz quatro viagens nos novos horários durante a semana e oito aos sábados –, os usuários pagam R$ 5.314 a mais para cada táxi em um ano.
Até agora, os taxistas repassaram R$ 1.941.069 pelo uso do mecanismo, que sofreu atrasos no prazo de instalação, enfrentou problemas técnicos e ainda não oferece suporte ao acionamento do botão de pânico. Desse montante, R$ 800 mil foram para a empresa Show Tecnologia, que venceu a licitação para fornecer o sistema, e R$ 1,1 milhão ficaram com a EPTC. O secretário-adjunto da EPTC, Marcelo Soletti, argumenta que parte do recurso serve para pagar a estrutura montada pelo município para acompanhar o sistema – que inclui três servidores destacados para monitorar o deslocamento dos carros. Mas, até agora, esse monitoramento não é feito em tempo integral e não envolve garantia de resposta da Brigada Militar pela falta de um convênio.
– Nossa intenção é qualificar o serviço. Além do GPS, a partir de dezembro vamos monitorar também o taxímetro dos veículos, o que vai permitir saber até quanto tempo cada carro fica ocioso. Com isso, poderemos estimar se são necessários mais táxis – afirma Soletti.
O sistema, porém, ainda não está em pleno funcionamento devido à falta de um acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) para definir como será operacionalizada a resposta ao botão de pânico. Por meio de nota, a SSP informou que a documentação sobre o caso está na sessão de convênios da secretaria, e a formalização de como será o atendimento aos pedidos de socorro deverá ser concluída "dentro de um mês". O presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre, Luiz Nozari, reclama da demora para o botão de pânico entrar em operação e por supostas falhas na localização do GPS.
– Achamos o serviço importante, mas queremos algo que funcione – reclama.
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A EPTC reconhece que o serviço registrou problemas, mas já teriam sido corrigidos. Casos específicos são resolvidos pontualmente, segundo Marcelo Soletti.