Após mobilizar os moradores de Porto Alegre neste sábado contra projeto de lei antiaborto, grupos estão organizando um novo ato, para a próxima sexta-feira, contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). As duas mobilizações fazem parte do movimento nacional Fora Cunha, que vem promovendo protestos principalmente nas capitais.
Neste sábado, manifestantes partiram do Parque da Redenção até a Assembleia Legislativa reunindo, segundo a própria organização, cerca de 2 mil pessoas. Com cartazes, cânticos e pinturas pelo corpo, com frases como "Meu útero é laico", mulheres protestaram pela saída do deputado, autor do projeto de lei (PL) 5069, que pode dificultar o acesso ao aborto legal.
Já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a proposta prevê penas específicas para quem induzir ou orientar gestantes ao aborto, com agravamento de pena para profissionais da saúde. Na prática, a lei também dificulta o acesso ao aborto legal e veda o acesso à pílula do dia seguinte, além de modifica a Lei de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (lei 12.845/13). O próximo passo do projeto é a apreciação no plenário da Câmara dos Deputados.
De acordo com a ex-deputada Luciana Genro (PSOL), a organização do evento partiu de um grupo de mulheres e não tem origem partidária, embora parte das participantes são militantes políticas. Fizeram parte, também, coletivos feministas, movimentos estudantis e grupos independentes.
- Pílula fica, Cunha sai. Defendemos basicamente isso - resumiu Luciana.
- O Cunha está brincando com fogo, porque ele mexeu com dois segmentos da sociedade que vêm em uma ascendente de mobilização: LGBTs, com o Estatuto da Família (projeto de deputados evangélicos ligados a Cunha), e, agora, de mulheres, com esse projeto do aborto - acrescentou.
O evento da próxima sexta-feira, 13, está marcado para as 18h no Largo Glênio Peres, no Centro de Porto Alegre. Na mesma data, estão previstas mobilizações em outros Estados, como São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Ceará, entre outros. No Rio Grande do Sul, além da Capital, há um ato previsto também em Santa Maria.
