O medo da violência disseminada fez com que as estruturas de saúde de Porto Alegre começassem a adotar medidas para tentar diminuir a falta de segurança que ronda os bairros. Até o final do ano, das 141 unidades da Capital - Pronto-Atendimento, Unidades de Saúde e UPAs, 85 devem contar com o "botão do pânico" para que seja acionado toda vez que funcionários se sentirem ameaçados. Até o momento, 45 postos já possuem a tecnologia.
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O sistema começou a ser instalado no município em 2013. Nos dois primeiros anos, a prefeitura investiu R$ 510 mil na tecnologia. Apenas este ano, o valor será de R$ 640 mil, uma média de R$ 14 mil gastos com alarme por unidade. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o valor condiz com a necessidade de segurança dos postos.
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Estão sendo atendidos, primeiramente, as unidades situadas em regiões de conflito. Durante o dia, quando o botão é acionado, é emitido um sinal de luz, sem som, aos vigilantes ou porteiros. À noite, com a unidade fechada, o alarme deve disparar automaticamente para a Guarda Municipal em caso de invasão.
Humanizar atendimentos
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, o investimento nos alarmes deve evitar, principalmente, furtos e arrombamentos, mas não age diretamente na prevenção da violência. O órgão está mapeando as principais regiões de conflito.
- Estamos mudando as formas de acesso aos postos, principalmente em regiões onde a comunidade não tem tanta participação na gestão e propostas da unidade de saúde, que são onde geralmente ocorrem os casos de violência - disse o secretário.
Segundo ele, o problema não deve ser resolvido com alarme, grades ou policiais, mas com diálogo.
- Estamos investindo também na humanização do atendimento. Nossos profissionais precisam estar preparados para lidar com a população, pois, muitas vezes, por não entenderem que determinado caso não necessita de atendimento imediato, as pessoas acabam perdendo a paciência - defende.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), 73% dos estabelecimentos de saúde não possuem guardas terceirizados. A grande maioria - 123 postos - possuem porteiros em frente aos prédios.
Botão aciona vigilantes
Um dos locais que possuem a medida é o Pronto-Atendimento Bom Jesus, na Zona Leste. Desde junho, foi instalado um botão em cada mesa de técnicos e médicos para ser utilizado, por exemplo, quando um paciente estiver se exaltando. Ao ser acionado, uma luz vermelha acende próximo aos vigilantes. De acordo com o coordenador do PA, Roibison Monteiro, o sistema foi instalado depois de uma sucessão de confusões que ocorreram em maio dentro da unidade.
- Nós tivemos três agressões, uma física e duas verbais, no espaço de uma semana. Depois disso é que solicitamos um botão para alertar os vigias. Em junho, depois de instalado o sistema, uma recepcionista foi ameaçada. Se não fosse o botão, poderiam ter quebrado o vidro que separava ela do paciente - fala o coordenador.
Segundo ele, a equipe de vigilância e portaria foi treinada para lidar com situações de estresse de pacientes e há um maior controle da portaria.
Medo de trabalhar
No Pronto-Atendimento Cruzeiro do Sul, mesmo com todo o investimento, o botão do pânico não chegou a ser acionado pelos funcionários no tumulto da última sexta-feira. De acordo com uma das técnicas em enfermagem que estava no momento do ocorrido, não deu tempo de apertar o botão, que fica na Sala da Odontologia, onde já ocorreu violência.
Medo da violência
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