Em uma casa simples na Rua Oscar Pereira, na Zona Sul de Porto Alegre, um evento especial tem dia e hora para acontecer. Todos os domingos, as portas da Igreja Evangélica Templo de Oração se abrem para acolher os mais de cem moradores de rua e usuários de drogas convidados para participar do Projeto Filho.
A rotina começa cedo, às 8h, quando as pessoas são recebidas para tomar banho e ganham roupas doadas pela comunidade. Logo depois, a entidade oferece café da manhã e um almoço reforçado, preparado por quatro cozinheiras voluntárias.
A fundadora da igreja e do projeto Filho, pastora Laudice Pinheiro, 53 anos, começou a ajudar a população de rua há oito anos. Segundo ela, a ong conta apenas com a ajuda de doações para pagar as contas.
- Comecei levando comida até os moradores, mas percebi que tinha um retorno maior quando trazia eles para cá. Aqui formamos laços de amizade, compartilhamos histórias e somos como uma grande família - fala Laudice, emocionada.
Além das refeições para os adultos, a entidade realiza nos sábados trabalho social com crianças da comunidade, enquanto as mães fazem artesanato: é o Projeto Filho Júnior.
- É gratificante acompanhar a melhora dos que frequentam a ong. Por isso, precisamos com urgência de doação de alimentos, roupas, material escolar e recursos para que os projetos não morram - afirma a pastora.
Fome Zero
O Fórum Fome Zero, uma das organizações estaduais beneficiadas pelo Programa de Aquisição de Alimentos, ajuda a ong no acesso à alimentação. O conselheiro fiscal, Reinaldo Santos, está levando a entidade para o Orçamento Participativo, para que ela receba recursos da prefeitura.
Segundo ele, além de cuidar dos moradores de rua, o projeto encaminha famílias em situação de vulnerabilidade para o Cras/Glória para inscrição no Cadastro Único e, em se tratando de população de rua, para o Centro Pop e moradias públicas.
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Recuperação
Talita Soares da Silva, 29 anos, é ex-viciada em crack. Depois de dormir dois anos no chão de praças em Porto Alegre, ela decidiu procurar ajuda.
- Chegou um momento que eu não aguentava mais e vim, grávida, procurar ajuda. Hoje eu moro com a minha filha, que já tem um ano e é completamente saudável, e meu noivo - comemora.
Prato cheio
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